Uma análise dos aspectos psicológicos da eliminação da Seleção Brasileira


Por João Paulo Furtado da Silva Oliveira

Psicólogo formado pela Universidade de Uberaba e Especialista em Neuropsicologia pelo Instituto Israelita Hospital Albert Einstein


No dia 09/12/22 tivemos o dissabor futebolístico de ver a seleção brasileira ser eliminada da Copa do Mundo do Catar. Não foi a primeira vez a qual assistimos a esse desfecho.   

O jogo empatou nos minutos regulares e fomos para o apelo das prorrogações. Víamos nossa seleção ditando o ritmo de jogo até que no minuto 106’ Lucas Paquetá coloca Neymar frente a frente com o goleiro croata e o Brasil todo explode de alegria e confiança. Acreditávamos que após esse último minuto de jogo a seleção que ditava o ritmo agora também ditava o rumo do jogo.             

Faltavam 15 minutos para avançarmos até a semifinal. Estávamos há 900 segundos de distância do próximo passo até que o time croata não se dá por vencido e começam as mudanças para promover mais ofensividade ao time. Tocaram um zagueiro e um meio de campo por dois atacantes. A estratégia estava clara, não desistiram e mostraram que não vieram a passeio.             

Dessa vez quem ditava o ritmo eram eles, regidos pelo capitão Modrić e no minuto 117’ Petkovic recebe o cruzamento de Perisic e novamente o jogo fica empatado 1x1 até que chegam os pênaltis para que a Croácia supere a seleção canarinho e avence para a semifinal da Copa do Mundo de 2022.         

O que desejo mostrar a vocês não apenas a narrativa trágica do passado, mas sim o que aconteceu nas entrelinhas desta copa do mundo. É de conhecimento comum e publicado em vários noticiários esportivos que o técnico Tite dispensa a presença de psicólogos na comissão técnica e assume a responsabilidade de ser “motivador” do time. Sabe-se, também, que a escalação do lateral direito de 39 anos Daniel Alves se deu pela experiência em campo e pelo aspecto mental do veterano.             

Sabemos pelas palavras do psicólogo, professor, Dr. João Ricardo Lebert Cozac que a presença de um psicólogo do esporte não garante a vitória, mas o despreparo emocional e a ausência deste profissional podem ser determinantes para a derrota.             

E assim fomos... É possível ver em vídeos na plataforma GE do grupo globo vídeos onde o veterano Daniel Alves pede para que os companheiros de equipe se levantem e fiquem atentos ao jogo. No fim da partida, o primeiro a conversar com as equipes jornalísticas, o também veterano Thiago Silva, disse que faltou concentração após a seleção brasileira abrir o placar.             

Como dito aqui, a equipe da Croácia começou a ditar o ritmo do segundo tempo da prorrogação. Sobrando em campo, fazendo o esforço máximo, conseguiram empatar. É possível ver o jogador Neymar, reclamando com o time sobre posicionamento tático, ele afirma aos companheiros de equipe que “não tem necessidade de vocês subirem”. Mais uma vez isso mostra que a equipe relaxou e desconcentrou após o primeiro gol.             

Foi visto que após a derrota pela Croácia, enquanto os jogadores desabavam no chão, o técnico Tite virou as costas e foi para o vestiário. Os jogadores continuaram lá, desolados, com sentimentos a flor da pele e agora também desamparados por aquele que disse que acompanharia o aspecto psicológico deles.             

Aspectos psicológicos, motivacionais e mentais. O que sobrou de talento na equipe brasileira faltou em preparo técnico, grupal e psicológico. O fato é: o sonho do hexa foi prorrogado para 2026. Até lá, espera-se que o próximo técnico da seleção brasileira saiba cuidar do que acontece dentro de campo e dentro da cabeça daqueles que estão no campo.