Por João Paulo Furtado da Silva Oliveira

Psicólogo formado pela Universidade de Uberaba e Especialista em Neuropsicologia pelo Instituto Israelita Hospital Albert Einstein


Assim começo a postagem de hoje. Ainda embalado pelo luto da Majestade do Futebol. Segundo o site UOL, Edson Arantes do Nascimento acumulou, ao longo de sua vida, uma fortuna estimada em R$79 milhões. 

Uma extensa fortuna que sustenta uma família por várias gerações, mas o sustento que quero falar hoje não é algo que o dinheiro compre ou algo que seja possível de ser avaliado em cifras. 

O sustento que me refiro é o que vem a nós, aquilo que nos dá condição para ser e para existir no mundo. Ainda em vida nosso Rei do Futebol manifestou desejo de ser velado no solo sagrado onde recebeu sua coroa de real. A tão famosa Vila Belmiro, também conhecido como sede do Santos FC, clube que o revelou para o mundo.

Antes de ser Pelé ele foi Edson. Saudamos o Rei e devemos saudar também quem criou Edson. Celeste... esse é o nome responsável por criar aquele que foi rei. Responsável por dar nome, significado, colo, acolhimento e sentido à própria existência de Edson.

A mãe... em termos psicanalíticos a “mãe suficientemente boa”. Esse termo é descrito pelo psicanalista inglês Donald Woods Winnicott. Esse termo se refere não só às mães, mas também aquelas pessoas que cuidam dos bebês. 

A mãe suficientemente boa é aquela pessoa que consegue fornecer um ambiente suficientemente bom ao bebê para que ele possa se desenvolver psiquicamente saudável e passe a ter ciência de sua própria existência no mundo, ou seja, é essa pessoa que dará sentido, no começo da vida, ao bebê. 

Mas agora vem o “X” da questão, qual sentido isso tem com o Edson Pelé e sua mãe Celeste Arantes? 

Brevemente vimos a importância que sua mãe teve no início da vida e agora é necessário evidenciar a importância que ela também teve no final da vida do filho. Várias autoridades nacionais e internacionais se deslocaram até a Vila Belmiro para prestar homenagens e dar o último adeus à entidade máxima do futebol. 

Entre as autoridades estão: Presidente Lula e Janja, Gilmar Mendes (Ministro da Suprema Corte), Gianni Infantino (Presidente da Fifa) e milhares de brasileiros. É possível afirmar a irreverência e autenticidade do Rei bem como seu poder e influência política. Sempre arrastou multidões por onde passou e fez fãs no mundo todo.

Após o velório seu corpo passou pela orla de Santos e fez uma última parada antes do cemitério. Essa foi uma parada estratégica e tão anunciada pelos jornais que faziam a cobertura do adeus ao Pelé.

Essa parada não foi para ser reverenciado, mas foi para reverenciar Dona Celeste Arantes, aquela que “fez a fórmula e jogou fora”. Esse era o termo que seu filho usava para descrever o quanto era único e também o quanto ela é única.

Nós perdemos a entidade máxima do futebol e Celeste perdeu uma estrela, seu filho Edson. Que bom que ela pôde dar adeus a ele e devemos reconhecer sua importância na vida do filho, dando-lhe sentido e permitindo ser nosso rei.

O primeiro e o último ato da existência de Pelé foram junto a ela, sua mãe. Seguro de que sempre foi amado por ela, Pelé agora pode enfim descansar em paz.