Dia do Futebol: devemos celebrar as mulheres - Revista Mulheres

Jornalista Isabel Minaré

19 de Julho é considerado o Dia do Futebol. Sem sombra de dúvidas, o esporte é um dos preferidos pelos brasileiros, principalmente entre o público masculino. Mas agora, mais do que nunca, é hora de ovacionar, aplaudir e celebrar as mulheres no campo.

Por quase 30 anos, o futebol foi proibido para representantes do sexo feminino no país. De 1941 a 1979, um decreto-lei (sancionado pelo então presidente Getúlio Vargas) não admitia a prática da modalidade por mulheres devido às “condições da sua natureza”. Poderia “prejudicar a maternidade”. A decisão teve consequências sentidas até hoje. Além de destacar a diferença de salários, cobertura e premiações, ainda serviu para fortalecer o preconceito já embutido na sociedade, confirmando o conceito de que o futebol não é um espaço para mulheres.

O fim da ditadura militar também proporcionou o fim da proibição das mulheres no futebol. Mesmo livre, ainda havia dificuldade. Dessa vez, o obstáculo era de ordem econômica. A categoria enfrentava resistência de clubes e federações, pois não tinha investimento. Com o tempo, o esporte ganhou interesse do público, credibilidade dos profissionais e competições organizadas pela Fifa e CBF. A primeira Copa do Mundo feminina, por exemplo, só aconteceu em 1991, 61 anos depois da masculina. A estreia nos Jogos Olímpicos foi em 1996, sendo que as Olímpiadas existem desde 1896. Cem anos de atraso. Mais um número chocante: somente em 2019 (há três anos), a Copa do Mundo de Futebol Feminino foi transmitida pela TV aberta. No jogo entre Brasil e França, atingiu um recorde de 30 milhões de espectadores.

Hoje, os brasileiros têm diversos motivos para se orgulhar no campo. Marta Silva se tornou a maior artilheira das Copas do Mundo. Ela foi considerada pela Fifa como a melhora jogadora do planeta por seis vezes. Formiga é a única jogadora presente em todas as Olimpíadas. Andressa Alves, Tamires, Cristiane, Debinha, Andressinha, Thaísa, Victoria Albuquerque e muitas outras brilham nos gramados dentro e fora do país. E por aí: quantas mulheres você conhece que joga futebol? E quantos homens? Vale tudo: profissional, várzea, amadorão, bate-bola na rua ... Faça a comparação e tire conclusões.