Em 29 de novembro passado, mineiros de quatro cidades (Contagem, Governador Valadares, Juiz de Fora e Uberaba) voltaram às urnas para o segundo turno das eleições municipais de 2020. Dos oito candidatos, três eram mulheres. Todas levaram. Elisa Gonçalves de Araújo foi uma delas.
Elisa Araújo
Estreante na política, Elisa é especialista em Gestão de Negócios e formada em Arquitetura e Urbanismo. Vem da indústria de calçados e dos setores de hotelaria e de transporte.
Presidiu a Regional Vale do Rio Grande da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e, posteriormente, tornou-se a primeira prefeita de Uberaba, em 200 anos. A empresária de 38 anos foi eleita com 85.990 votos (57,36%). Ao lado de Moacyr Lopes, Elisa presidirá o Município no quadriênio 2021/2024.
"Naturalmente, por ser mulher e uma das primeiras a lançar candidatura à prefeitura de Uberaba, em ambiente dominado por homens, a gente sofre algumas situações de forma velada, outras nem tanto. Mas, nada que pudesse gerar um impacto muito grande. Cada momento de enfrentamento dessas situações me dava mais força para continuar”, afirma a prefeita Elisa.
Para o doutor em Bioética e professor e mestre em Filosofia Sávio Gonçalves dos Santos, a vitória de Elisa representa uma mudança de patamar na realidade política uberabense e um ponto de emancipação política feminina - especificamente na cidade.
“Mas não chega nem perto daquilo que a gente consiga fazer ou precise fazer”, pondera, destacando que o Brasil ainda é um país com pequena participação feminina em cargos eletivos ou de representatividade.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o percentual de mulheres eleitas para o cargo de chefe do Executivo no país, no primeiro e segundo turnos de 2020, foi de 12,08%, apesar de elas representarem mais de 52% do eleitorado brasileiro.
O número expõe a baixa representatividade, mas supera timidamente a porcentagem de prefeitas eleitas em 2016, na primeira e segunda etapas, registrando 11,52%, também nas eleições ordinárias.
Surpresa
Em uma das primeiras pesquisas de intenção de voto, Elisa não alcançava nem 1% das intenções de votos válidos. Ela disputou o pleito com populares do meio político, entre ex-vereadores, ex-deputados estaduais e detentor de cargo eletivo na Assembleia de Minas Gerais.
Para o mestre em Filosofia, a candidata do Solidariedade conseguiu captar boa parte do eleitorado que estava indecisa ou insatisfeita com os grupos políticos existentes, chegando ao segundo turno e posteriormente, à vitória.
Essa tendência de comportamento nas urnas cresceu, sobretudo, a partir de 2013 e representa cerca de 30% do eleitorado no país, segundo o professor. “Não são nem esquerda nem direita”, descreve. “Não aprovam o presidente, mas também não apoiam o pessoal da esquerda”.
O triunfo de Elisa se deve, majoritariamente, por tornar-se uma opção para os insatisfeitos e indecisos, na análise de Santos.
Uma gestão mais feminina
Pela primeira vez um número expressivo de mulheres nomeadas para os cargos de primeiro escalão do governo municipal. São pelo menos sete, entre secretárias interinas e permanentes e também a assessora especial de captação e parcerias, comprovando que Uberaba conta com muitas lideranças femininas, dotadas das competências necessárias para assumirem postos de comando também na gestão pública. Só é necessário dar-lhes oportunidade de atuação para colocarem a serviço do município, suas qualidades e habilidades.
As mulheres do primeiro escalão da gestão Elisa Araújo
Sidnéia Aparecida Zafalon Ferreira
Secretária de Educação
Celi Camargo
Secretária de Comunicação
Poliana Helena de Souza
Controladora-geral
Indiara Ferreira
Secretária de Governo
Fabiana Gomes Pinheiro Alves
Procuradora-geral Interina e Adjunta
Gicele Gomes
Secretária Interina e Adjunta de Desenvolvimento Social
Míria Rezende
Chefe de Gabinete
Erika Cristina da Cunha
Assessora Especial de Captação e Parcerias
Looks Elisa Araújo: Ateliê Frank Prado. Produção: Frank Prado. Make & Hair – Bruna Araújo. Fotografia: Arthur Matos. Pós-produção: Kauê Cardoso.