Itália - 7 maravilhas de um roteiro de Norte a Sul

Por Rowena Borralho M. Lacerda e Mozart Lacerda Filho

“Dal frutto si conosce l’albero”

Na Itália, é comum a expressão “Do fruto se conhece a árvore”. Então se é assim... se “pelo dedo se conhece o gigante”, é por alguns lugares desse país belíssimo que sentiremos toda a magnitude de um roteiro ousado, que busca revelar os contrastes de um país central para o desenvolvimento de toda a cultura ocidental. Começaremos pelo Norte, pela Lombardia, e chegaremos à Sicília. Vem com a gente?  

MILÃO

O Duomo de Milão, indiscutível cartão postal da cidade, destaca-se entre os maiores templos religiosos do mundo, pela capacidade de abrigar, em seu interior, dezenas de milhares de pessoas. Sua construção ampla, elevada e impactante pela riqueza de detalhes levou praticamente 500 anos, capazes de justificar o fato de pessoas que vêm de todo lugar do mundo perderem o fôlego já na Piazza del Duomo. O rendilhado da fachada, toda em mármore branco, os arcos e as imensas colunas internas, os exuberantes vitrais, as mais de 3000 esculturas, das quais destacamos a de São Bartolomeu, tudo isso revela ao visitante profundo esmero, digno de todos os anos da história. Para os mais encantados com o lugar e animados às aventuras, ainda é possível passear pelo terraço e, do alto, ver a cidade emoldurada pelas agulhas da catedral gótica. Experiência incrível! Na praça, à esquerda de quem se adentra ao Duomo, há uma entrada monumental, que dá acesso à suntuosa Galleria Vittorio Emanuelle II, um espaço comercial de arquitetura belíssima inaugurado no final do século XIX, que liga a praça da catedral à praça do Teatro Alla Scala. A galeria leva o nome do primeiro rei da Itália e tem ares de nobreza, não apenas pela beleza do edifício ou pela riqueza decorativa em vidros, metais e mosaicos, mas também por abrigar as mais renomadas grifes e tradicionais cafés e restaurantes. Turistas do mundo inteiro vão em busca de tudo isso e algo mais: rodar três vezes com o pé direito sobre o touro construído em mosaico, em um escudo, no chão da galeria, porque, segundo reza a lenda, além de sorte, os giros nos levam em breve de volta à cidade. Detto fatto!

FLORENÇA

Da cúpula projetada por Filippo Brunelleschi, tem-se a vista para a cidade considerada o “berço do Renascimento”. A expressão curtinha é uma metáfora de peso, já que a estética moderna tem seu marco no revolucionário século XV, que viu renascer valores da antiguidade greco-romana. Florença nos permite uma volta no tempo, pelo tom monocromático dos edifícios de suas ruas estreitas, pelos passeios às margens do Rio Arno ou por suas pontes de arcos medievais. Mas a cidade pérola da Renascença preserva grande tesouro dessa época em galerias e museus, como o icônico Davi, de Michelangelo, exposto na Galleria dell'Accademia, e as pinturas A Primavera e O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, na Galeria Uffizi. A céu aberto, de diversos pontos da cidade, avistamos a magnífica Catedral de Santa Maria del Fiori, cuja cúpula de alvenaria (até hoje a maior do mundo) foi pensada por Brunelleschi, anos após a construção da igreja, já que, no século XIII, ainda não havia solução viável para a cobertura do espaço de mais de 45 metros de diâmetro. De todos os ângulos, Florença merece pertencer ao rol das cidades mais elegantes do mundo.

VENEZA

Cenário do clássico de Shakespeare, O mercador de Veneza, e da história de milhares de anônimos apaixonados de todos os cantos mundo, Veneza não rima com beleza por acaso. Seu charme é singular, os mais de 400 canais, a majestosa Ponte do Rialto, a Praça São Marcos, as floreiras nas janelas, o burburinho de gente ou o abrupto silêncio ao mudar a rota, as máscaras de carnaval e os muranos em quase todas as vitrines, além dos cardápios estampados nos vidros dos restaurantes, convidando-nos a experimentar as delícias do mar Adriático. Na cidade se anda a pé ou faz-se uso das embarcações coletivas (os passeios de gôndolas são só para aquela vivência deliciosa esperada por todo turista). Por esse e por outros motivos é um lugar de atmosfera diferente, mas algo em comum todos levam de lá: a vontade de voltar.

ROMA

O Coliseu é uma das construções mais grandiosas da história da humanidade; visitá-lo é indispensável, tão indispensável como ir à Roma e não ver o Papa, como diz o ditado. Símbolo do império romano, a obra teve início no século I d.C., no governo do imperador Vespasiano. Foi concluída e inaugurada por Tito, entre 79 e 80, durante a Dinastia Flaviana, por isso, o Coliseu também é conhecido como “Anfiteatro Flaviano”. Mas o nome que se oficializa, Coliseu, tem a ver com o fato de o enorme edifício ter sido construído próximo a uma estátua gigantesca de Nero que existia no local: um colosso de 35 metros de altura. Durante cinco séculos, o maior espaço para atrações do mundo tinha como finalidade o entretenimento do povo romano, com encenações baseadas na mitologia, batalhas navais, lutas de gladiadores, perseguições de animais e, inclusive, execuções de pessoas. Esses eventos duraram até 523 d.C. e chegaram a ser acompanhados por 90 mil espectadores. Hoje, vemos a estrutura do prédio danificada pelos inúmeros saques de mármore e pedras de sustentação e, também,  por terremotos e outras intempéries. Mas, mesmo assim, o  gigante arquitetônico é destaque em um do principais sítios arqueológicos de Roma e atrai diariamente milhares de turistas de todas as idades.

POMPÉIA

Localizada na região sul da Itália, Pompeia é um destino emocionante. Atingida pela erupção do vulcão Vesúvio, em 79 d.C., a pequena cidade, localizada nas proximidades da atual Nápoles, foi desvendada somente após escavações durante o século XVIII. Sem dúvida, a história de Pompéia é trágica e lamentável, mas a descoberta da cidade soterrada por material vulcânico, possibilitou-nos conhecer mais sobre a vida, a arte, a história e o cotidiano no início da era cristã. O sítio arqueológico surpreende, pois, as cinzas do acidente natural ofereceram proteção a construções, pinturas, mosaicos, utensílios domésticos. A visita também possibilita que os turistas vejam os “corpos petrificados” de Pompéia, que, na verdade, são moldes de gesso feitos durante as escavações, a partir da injeção do material em cavidades descobertas na profunda camada de cinzas, onde havia resíduos de corpos. O resultado é espantoso, pois existe a possibilidade de reconstruir as posições e as expressões das pessoas no momento em que foram atingidas. As ruínas da antiga Pompeia são consideradas Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.

MATERA

Na região italiana da Basilicata, mais ao sul do país, encontramos uma verdadeira fenda no tempo. Trata-se da cidade de Matera, uma das mais antigas do mundo, habitada desde o Paleolítico. Por intermédio de suas construções, o passado chega até nós e é possível entender como se deram as primeiras aglomerações humanas. Dois bairros se destacam na cidade: o Sasso Caveoso e o Sasso Baserano, com grutas escavadas na pedra, onde os primeiros habitantes fizeram as suas moradias. Outra atração que merece destaque são as igrejas rupestres: câmaras escavadas na rocha, ornadas com afrescos em suas paredes. Existem mais de 150 delas em Matera e seus arredores. Todos os anos, a comunidade europeia escolhe uma cidade para que tenha a oportunidade de mostrar o seu valor cultural ao resto do mundo. Em 2019, Matera foi a escolhida. Por conta de seu valor histórico, de suas belezas arquitetônicas e de sua importância para uma maior compreensão dos primeiros núcleos humanos, nada mais justo.

PALERMO

Palermo é uma região da Sicília banhada pelo mar mediterrâneo, conhecida pela história, arte e gastronomia. O cenário natural é encantador, mas a ocupação por bizantinos, árabes, normandos, espanhóis e outros povos deixa como legado à região uma profusão de estilos arquitetônicos e riqueza cultural peculiar. Como exemplo da diversidade que se alternou em solo siciliano podemos citar a original e esplendorosa Catedral de Palermo, com elementos da arte grega, romana, árabe, normanda, catalã e gótica. Um templo impressionante, para fechar nosso breve passeio por algumas das maravilhas italianas, que esperam por nós. Andiamo!

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