Por Lis Oliveira
Turismóloga (PUC Minas), já estudou na Finlândia e foi counselour da YMCA (ACM) de Houston, TX. É mãe de três filhos e atualmente representa a Revista Mulheres no Sul de Minas


Neil de Grasse Tyson e Richard Dawkins comprimem 100 milhões de anos da evolução para responder que o ovo veio primeiro que a galinha! De fato, nunca houve um momento onde uma ave botou um ovo do qual nasceu uma galinha, mas exemplificando, houve uma alteração genética proveniente da geração anterior, ou seja, um animal que não chamaríamos de galinha botou um ovo com “upgrades” genéticos, considerando as condições ambientais da época.                 

Com a humildade da minha experiência de vida e como mãe educadora de três filhos (15, 11 e 9 anos), amiga de mães maravilhosas e telespectadora atenta da mais variada gama de estudos psicológicos, históricos, científicos e sociais, sinto segurança em afirmar que a maioria das mulheres enfrentam N dificuldades para equilibrar sua existência como mãe e como indivíduo, se for possível separar os dois, apenas por motivo de organização interna. 

Pois bem! No nosso caso, responder que, sem dúvida, a mulher veio antes (da mãe), pode ser uma luz em direção ao tão sonhado equilíbrio! Uma das perguntas que mais ouço (sendo uma das poucas no meu meio com três filhos) é: “Como você dá conta?!” Minha resposta: “Eu não dou!” Brincadeiras à parte, definir “dar conta” pode ser tão complexo quanto determinar que o ovo veio antes da galinha, afinal o que é “dar conta” para alguns está longe do “dar conta” de outros e inclusive é definido por toda uma história, cenário e cultura, porém o que eu aprendi é que fazer TUDO perfeitamente bem o tempo todo é impossível. Tendo isso pré-definido, convido a todas as mamães de toda natureza a apertarem um “pause”. Pausou? Respirou? Pronto! Estamos na mesma página: É impossível fazer tudo com perfeição o tempo todo. Repita. Está tudo bem! 

Escolha algumas poucas coisas às quais se dedicar em fases diferentes, com consciência de que algumas vão ficar desatendidas, porém não se esqueça delas, para permitir-se pausar algo e voltar para dar continuidade ao que ficou engavetado e assim, sucessivamente. 

Com a vida “moderna”, acabamos nos desconectando de algumas ferramentas essenciais ao nosso equilíbrio, como por exemplo a conexão com a natureza e conhecimento dos nossos ciclos, que por sua vez estão diretamente relacionados com o planeta, as estações do ano e fases da lua, para começar. Num respiro profundo na nossa rotina, também não podemos esquecer que somos parte de um todo – engrenagens da vida! Uma análise do nosso ciclo menstrual vai nos mostrar que, claro, sem receita, mas numa “planilha” bem pessoal, como nos sentimos mentalmente, fisicamente, emocionalmente... Energia, vitalidade, pele, concentração, libido. A forma como recebemos atitudes e palavras, quase tudo vai depender da fase em que estamos! Sim, como a Lua, temos quatro personalidades ao longo do nosso ciclo menstrual, portanto se alguém te chamar de louca, responda que não somos loucas! Somos cíclicas! Os arquétipos representam a energia de cada fase do ciclo: 

Fase menstrual: 
Movimentos energéticos intensos no útero (para desprender aquela parede preparatória formada) que reverberam por todo o nosso corpo e também pelas nossas emoções. 
Oportunidade de limpeza, purificação, recomeço. 
É um momento cósmico de renovação e conexão que temos o privilégio de vivenciar. Muita intuição. Diálogo com nossa própria natureza. 

Fase pré-ovulatória: 
Donzela; Primavera; Lua Crescente. 
Inspiração, energia física e clareza intelectual. 
Focadas; determinadas; leves; seguras. 
Tempo de empreender em novos projetos! 

Fase pré-menstrual: 
Energia diminui; emoções ficam intensas. Criatividade; período de mudanças e descarga de energia. Momento ideal para limpeza de energia. 
Menos tolerantes, sensibilidade se amplia e nós passamos a enxergar tudo com uma lente de aumento. 
Ótimo momento para avaliarmos a nossa vida em todas as áreas, observando os pontos positivos e negativos no âmbito profissional, emocional, amoroso etc. 
Fisicamente: Inchadas, doloridas, com acne. 

Fase ovulatória: 
Mãe; Verão; Lua Cheia. 
Abundância; nutrição. 
Acolhedora; amorosa em nossas relações. 
Mais tolerantes e propensas a reconciliações. 
Sensibilidade; luz; calor; libido. 


Conhecendo, portanto, as potencialidades de cada fase, temos um guia tanto para nos planejarmos melhor quanto para nos entendermos e às nossas emoções e reações. Na Internet encontramos mandalas lunares, que podemos imprimir ou mesmo fazer do desenho delas uma terapia. Indico também uma série e um livro com o mesmo nome: Tenda Vermelha. 

Eu já me dediquei exclusivamente aos meus filhos, involuntariamente ficando reclusa e escolhendo trabalhos que conseguisse fazer de casa. Estudei alimentação, educação, espiritualidade, relacionamento... Eu sempre quis ser mãe e é provável que “ela” tenha começado a ser moldada ainda na minha infância e na minha própria experiência como filha, mas sem dúvida ganhou toda a sua potencialidade na minha primeira gravidez e tive o privilégio de viver o momento na sua maior grandeza e foi sim muito mágico, o que reverberou nos quatro anos em que meu primogênito foi filho único. Um outro questionamento que vivemos é como filhos dos mesmos pais podem ser diferentes e a isso eu respondo que nós somos mães diferentes e pais diferentes e avós diferentes para cada criança. O primeiro tem aquelas pessoas cuidadoras; o segundo tem os cuidadores e o irmão mais velho e, assim como a evolução genética de centenas de milhares de anos, a cada ano que passa, os cenários, as personalidades e adversidades moldam novas pessoas e temos tamanha diversidade, graças a Deus! 

Para além das diversidades, desejo e busco um equilíbrio entre a mãe e a mulher. Com as crianças mais velhas passei a mudar algumas prioridades e demonstrar que para a mãe continuar a caminhada bem, ela precisava dar atenção à mulher que veio antes. Na nossa sociedade isso é um outro grande desafio! Quando não nos sentimos culpadas, alguém trata de julgá-la! E precisamos nos impor e manter o equilíbrio e fidelidade, em primeiro lugar, à nossa essência, que é quem vai guiar a essência dos nossos filhos.