Jornalista Isabel Minaré

Fotos: Arthur Matos


Hélio Siqueira é sinônimo de talento, originalidade e polivalência. Através de suas obras, tem o poder de provocar sensações e experiências únicas nas pessoas. Abusa de seus dons – pintura, desenho, cerâmica e gravura – para movimentar a alma e o espírito de cada um. Conhecer os diversos trabalhos do pintor, ceramista, desenhista e gravador Hélio Ademir de Siqueira é sentir o sangue pulsar nas veias e agradecer. Agradecer sim, por estar vivo e diante de tantas maravilhas. Em um ateliê próprio e amplo, com espaço até para exposições, ele trabalha assíduo e responsavelmente. São décadas de dedicação. Seja no calor insano dos fornos, seja com o vento que passa pelas amplas janelas, lá está ele, de pé ou sentado, a produzir. Desde menino, no seminário (onde “fazia de um tudo” para fugir dos momentos infindáveis de oração e penitência) já iluminava e mudava a vida dos outros com suas produções. Cresceu e ganhou o mundo! Expôs em diversos cantos do planeta. Mas será que ele reconhece o próprio valor? Aliás, ele admite que tem talento? “Para o artista, o importante é saber que ele foi útil”, confessa. É o cara? “Jamais!”. O que pode dizer sobre si mesmo é que é “inquieto sempre”, nome dado até a uma de suas exposições. 


PINTURA. 

Calmo, calado, parado ... Pura ilusão! Tem a cabeça e as mãos à mil por hora. Não para nunca porque ele não quer e não o deixam. No seminário, descobriu a pintura. Mais tarde, começou a se aperfeiçoar com as lições expressionistas do magnífico Hélvio Fantato. “Conhecia só a pincelada mais discreta, que aprendi com o Frei Leopoldo no seminário”, começa. “Depois que vi as obras do Hélvio, tive contato com uma arte feita com quase um tubo de tinta exprimido”, termina. Eram camadas e mais camadas de cores vivas e grossas na tela, como se os traços fossem palpáveis, que lhe provocavam euforia e deslumbre. Após isso, a arte de Hélio nunca mais foi a mesma. Passou a se direcionar a um nível superior. Luzes, sombras, formas, cores, técnicas e estilos diversificados rompem a linha entre concreto e abstrato, passado e futuro, vida e morte. 


ESCULTURA. 

Hélio faz história no cenário da arte. Nascido em Ouro Fino (MG), escolheu Uberaba para morar, mas explorou o Triângulo. Foi professor de desenho e pintura na UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e em diversas escolas. A virada de década também deu uma reviravolta na sua vida. O coração acelerou por uma nova arte: a cerâmica. Passava horas no ateliê da ceramista Lusa Andrade, onde experienciou as fases de criação, secagem, queima e vitrificação. Formas de amar, explorar e criar! E o que ele cria? “Não posso dizer que faço utilitários, considerados a febre da atualidade, nem decorativos”, afirma. Ele faz peças e deixa para o público dar a elas as funções desejadas. Entretanto, qualquer em uma que seja, ele busca provocar o resgate de memórias. Um dos seus pontos centrais é o sincretismo religioso, principalmente com o São Sebastião, considerado seu protetor. Tanta competência precisava ser exposta, divulgada, valorizada, compartilhada, felicitada, aplaudida. Isso aconteceu e acontece demais na vida dele. Para se ter uma ideia da grandiosidade, Hélio expôs sozinho no Palácio das Artes, em Belo Horizonte (MG). “Saiu um caminhão enorme daqui carregado de peças guardadas em tonéis de construção”, conta. Os tonéis também participaram da exposição! Um ato de loucura, valentia, inovação. Hoje passado e presente se encontram de olho no futuro. Junto com as monges beneditinas do Mosteiro Nossa Senhora da Glória, Hélio volta ao universo religioso, cenário de sua existência. Exemplo de ser contemporâneo, empenha-se em fazer pontes entre o circuito artístico nacional e as singularidades locais. Ele é um operário do conhecimento a favor do desenvolvimento cultural. A próxima oportunidade de o público se apaixonar e adquirir peças com descontos imperdíveis será numa exposição no dia 10 de dezembro. Quem quiser mais informações, é só ligar no (34) 9 9978-1673 e falar com o também artista plástico Paulo Miranda.


Espaço plural para estimular a cultura


Pinceladas para valorizar a natureza


Tela imensa em contrução com espadas de São Jorge