Associação foca no desenvolvimento através de equoterapia e equitação


Jornalista Isabel Minaré

A ligação entre cavalos e humanos vai muito além de trabalho, lazer e alimentação. A mais nobre e profunda é, sem dúvidas, a terapia. Em Uberaba, um dos locais que oferecem o tratamento é a Associação Mineira de Equoterapia (A.M.E).

A A.M.E é uma associação sem fins lucrativos fundada em 05 de janeiro de 1998 por Irene Flausino, mãe de uma criança com paralisia cerebral. Ela está localizada na Avenida Dr. Randolfo Borges Júnior, nº 1015, na Univerdecidade, em uma área de aproximadamente dois hectares cedida pela Prefeitura Municipal por comodato. É um espaço amplo e aberto, com muito verde, terra e ar fresco. No local, oito cavalos – Barão, Bob, Chocolate, Curió, Estrelinha, Goiano, Hino e Palhaço – atuam como elos entre a natureza e as pessoas. Afeto, sensibilidade, dedicação, entendimento e altruísmo fazem deles também terapeutas.

Acê Malvino é o presidente da entidade. Ele conhece a fundo os benefícios da equoterapia e da A.M.E. não só por fazer parte da direção, mas por ter visto o progresso na própria família. “Minha filha, com apenas dois anos, sofreu um AVC. Ela veio pra cá e passou anos fazendo equoterapia”, afirma. Agora, é a vez do neto começar as atividades. A instituição desenvolve um trabalho social para melhorar a vida de praticantes (como são chamados aqueles que treinam equoterapia) com diversos distúrbios, como sensoriais, motores, educacionais e psicocomportamentais. “Atendemos pessoas com autismo, Síndrome de Down, deficiências na fala, entre outros”, explica.Chega mais longe quem vai em grupo. Assim, o trabalho é realizado em equipe, composta por caseiro, secretária, dois guias (profissionais que puxam os cavalos nas atividades) e três fisioterapeutas. Além deles, há estagiários das graduações de Fisioterapia, Psicologia, Zootecnia, Agronomia e Medicina Veterinária. Eles atendem cerca de 50 praticantes. “Eles chegam com solicitação médica, seja do SUS, seja particular, e passam por avaliação do fisioterapeuta e da psicóloga”, explica.

Segundo Acê, a A.M.E. tem um custo mensal de R$ 13 mil, destinado a alimentaçãoe medicamentos dos animais, contas e salários dos funcionários. Ela é mantida por doações da comunidade e dos próprios praticantes. “Os praticantes pagam o que podem. Se podem pagar R$ 250, pagam. Se não, não pagam. Ninguém deixa de fazer por conta disso”, conta. O significado do projeto está acima de qualquer valor. Para arrecadar fundos, voluntários se desdobram em eventos como Dia da Pizza, Almoço Solidário, cavalgadas, entre outros.

Todo o esforço é válido porque os benefícios são múltiplos. De acordo com a fisioterapeuta Simone Arriagada, o movimento do cavalo é importante para desenvolver a modulação tônica, o ganho de força muscular, a melhora da postura e do equilíbrio, a coordenação motora grossa e fina, além de estimular a sensibilidade tátil, visual e olfativa. “Montar a cavalo também contribui para aumentar a autoestima e a sensação de bem-estar e estimular a afetividade através do contato com o animal”, relata. As sessões são realizadas uma vez por semana, conforme recomendação da Associação Nacional de Equoterapia, e duram cerca de 30 a 45 minutos, dependendo do objetivo proposto a cada praticante. “Geralmente, demora cerca de seis meses para ver os primeiros resultados. Portanto, recomendamos pelo menos um ano de tratamento para dar alta.”

Simone faz parte da A.M.E. há 15 anos e já vivenciou diversos momentos inesquecíveis. Um deles foi através de uma criança com paralisia cerebral. “Ela não anda nem senta sozinha, mas sempre estampa um super sorriso quando chegava nno atendimento. Ela ama montar e adora dar cenoura para o Curió. Chega a gargalhar com o jeitão meio bruto de comer dele. Muitos teriam medo, no entanto ela simplesmente adora este momento”, descreve. Situações como essa fazem a fisioterapeuta refletir sobre a vida, querer fazer mais pelo próximo e valorizar a simplicidade do cotidiano.

Vanessa Oliveira é mãe do Guilherme, de nove anos, praticante da equoterapia desde os dois anos. Toda semana, eles enfrentam a estrada perigosa de Conceição das Alagoas para Uberaba. No começo do tratamento, Guilherme fazia montaria dupla. Com o tempo, passou a montar individualmente. A evolução é uma grande conquista, afinal, ele conseguiu se equilibrar, melhorar a postura e o comportamento. Através de estímulos do corpo e da mente, aperfeiçoou a coordenação motora, a força muscular e o amor próprio. “Ele fica mais alegre nos dias da terapia”, derrete-se Vanessa. Que mãe não se emociona ao ver seu filho feliz? “A A.M.E. mudou a vida do meu filho. Não conseguimos mais ficar longe desta rotina. Agradeço a todos funcionários por serem tão prestativos e buscarem o melhor pela instituição.”

Além da equoterapia, a entidade também oferece equitação. Qualquer um pode praticar o esporte mediante o pagamento de R$ 250,00. Esse valor é destinado aos custos mensais da associação. Sociedade, voluntários e esportistas estão unidos em prol do desenvolvimento humano.

Cada dia é importante para o progresso. Foto - Maurício Farias


Carinho e cuidado são as marcas registradas da A.M.E.. Foto -Maurício Farias


Equipe é unida para proporcionar desenvolvimento aos praticantes. Foto - Maurício Farias


Guilherme apresentou grande evolução na equoterapia. Foto - arquivo pessoal


Simone (de azul) já viveu momentos inesquecíveis na entidade. Foto - Maurício Farias