Por Gilberto de Andrade Rezende
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Presidente da Associação Cultural Casa do Folclore. Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.
Como tudo começou ... Uma explosão em uma fábrica de pólvora no Rio de Janeiro, provocou uma “explosão” no desenvolvimento de Uberaba.
Manuel Rodrigues da Cunha Matos, o patriarca da família “Rodrigues da Cunha”, radicada em Uberaba, tão logo tomou conhecimento que Dom João VI havia publicado um édito real em 1809, regulamentando a compra de salitre, arrendou terras na região do Alto São Francisco e começou a extrair salitre para a produção de pólvora. Por conta dessa atividade, Manoel, que tinha 29 anos, ganhou o apelido de “Capitão Pólvora”. Em 1826, a fábrica real de pólvora, implantada na Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro, explodiu, cessando as compras do salitre.
Atraído pelas verdejantes terras do Triângulo Mineiro, cantada em versos e prosas por todos que conheciam a região, Manoel Rodrigues da Cunha Matos, entre os anos de 1827 ou 1828, já estava estabelecido em sua primeira fazenda em Uberaba, “Boa Vista do Rio Formiga”, localizada ao norte do Ribeirão Tijuco, comprada por 4.000 cruzados, pagos em moedas de cobre que precisou de um carro de boi especial para transporta-las. Quando a primeira Câmara Municipal de Santo Antônio de Uberaba se instalou em 1837, “Manuel Pólvora” era um dos vereadores. De seu casamento com Hipólita Maria de Jesus, teve 10 filhos, sendo o primogênito, Manuel Rodrigues da Cunha Filho.
Manuel Rodrigues da Cunha Filho, nomeado Capitão da Guarda Nacional, nasceu em 1808 e se casou com Joana Cândido de Castro, gerando 11 filhos, entre eles, grandes empreendedores como o Coronel Teófilo Rodrigues da Cunha e o Coronel Geraldino Rodrigues da Cunha.
Manuel Rodrigues da Cunha Filho
O Coronel Geraldino Rodrigues da Cunha (1865/1955) foi pai de 28 filhos, sendo que 11 do primeiro casamento com Mariana Ambrosina de Castro e 17, do segundo com Elvira Andrade Costa. Em sua fazenda Rio do Peixe, em Veríssimo, mantinha uma intensa atividade no setor agrícola e dedicava uma especial atenção no segmento pecuário. Em 1908 foi o primeiro a importar gado da Índia. Criou uma raça de zebu mediante cruzamento do zebuíno com o gado crioulo, sucesso que lhe valeu, em 1911, uma medalha de ouro. Foi também o 1º Presidente do Herd Book (1919/1914), instituição que antecedeu a SRTM e que se transformou, posteriormente, na ABCZ. Foi eleito Chefe do Executivo da Câmara Municipal de Uberaba (Prefeito) para o período de 1924 a 1927.
Merecem atenção especial pela contribuição dada ao desenvolvimento de Uberaba, os filhos Orlando do primeiro casamento e José Humberto, João Gilberto e Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha do segundo casamento.
Coronel Geraldino Rodrigues da Cunha e sua segunda esposa Elvira Andrade Costa
Coronel Geraldino e esposa Elvira com os filhos do segundo casamento: João Gilberto está no colo do pai e Antônio Ronaldo, no colo da mãe
Orlando Rodrigues da Cunha, nascido em 27 de julho de 1898, foi o primeiro filho do Coronel Geraldino a demonstrar aptidão para o empreendedorismo. Foi mascate de gado aos 22 anos, profissão que trocou ao construir um posto de gasolina aos 27 anos, mas, em 1931, inaugura sua primeira construção, o Cine Teatro São Luiz, na praça Rui Barbosa. Com outros sócios, constrói e inaugura em 1941 na Av. Leopoldino de Oliveira, o Grande Hotel, o Restaurante Galo de Ouro e o Cine-Metrópole, o primeiro arranha-céu de Uberaba.
Orlando Rodrigues da Cunha
José Humberto Rodrigues da Cunha (1911/1998), primeiro filho do segundo casamento do Coronel Geraldino foi médico cirurgião, já atuou em Paris, Berlim e Viena. Construiu o Hospital São José na praça Rui Barbosa. Devido à demanda criada pela sua fama que se esparramou pelo Brasil Central, comprou o Hospital Santa Rita localizado na rua Santo Antônio, onde seu apelido passou a ser “Bisturi de Ouro” e o nome do Hospital foi trocado para “São José”. Foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro.
José Humberto Rodrigues da Cunha
João Gilberto Rodrigues da Cunha, nascido em 1 º de abril de 1930, é o 14º filho de Geraldino Rodrigues da Cunha, de seu segundo casamento. Formado em medicina pela Universidade do Brasil no Rio de Janeiro, já foi Professor e Diretor da UFTM e da Casa de Saúde São José, ao lado de seu irmão, José Humberto. Presidente por três vezes da ABCZ, foi um dos fundadores da Faculdade de Zootecnia de Uberaba, hoje, Faculdade de Agronomia.
João Gilberto Rodrigues da Cunha
Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha é o 26º filho do Coronel Geraldino Rodrigues da Cunha. É o 15º filho do segundo casamento com Elvira Andrade Costa. Nasceu em 28 de setembro de 1931, em Uberaba. É neto de Manuel Rodrigues da Cunha Filho e bisneto do patriarca Manuel Rodrigues da Cunha Mattos, vulgo “Capitão Manuel Pólvora”.
Fez seus estudos no Colégio Marista de Uberaba e no Colégio São José, no Rio de Janeiro, onde, em 1947, adquiriu gosto pela matemática, física e química. Aos 19 anos de idade conheceu Leila Venceslau, então com 17 anos. Um amor à primeira vista. Iniciou o namoro que durou 4 anos e a chama que manteve a intensidade dessa paixão só foi possível através da troca de 550 correspondências. Só se casou com Leila em 17 de dezembro de 1955, após ser diplomado em Engenharia Civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
Antônio Ronaldo, empreendedor vocacionado, exerceu a liderança em todos os projetos que idealizou e implantou, procurando sempre se atualizar, participando de inúmeros seminários e cursos de aperfeiçoamento em setores tecnológicos, analíticos e econômicos. Conheceu de 1954 a 1979, em viagens de estudos, 09 países da América Latina, 06 da África, 05 da Europa, além do México e Estados Unidos.
Por idealismo, deu sua colaboração ao governo municipal de Arthur de Mello Teixeira, como Engenheiro Chefe e Diretor de Obras em 1955. Associativista, participou da diretoria da ABCZ e, a partir de 1989, foi presidente, conselheiro e presidente do Conselho Superior do Jockey Club de Uberaba. Advogado nato, revisa criteriosamente os pareceres de sua assessoria jurídica que necessitam de sua experiência para superação dos constantes desafios.
A multiplicidade dos negócios, a inconsistência de nossa legislação e as ocorrências de fatos fora dos parâmetros provocam diariamente “incêndios” que precisam ser apagados, motivando Antônio Ronaldo a mudar seu nome para “Bombeiro”.
Atualmente, com 93 anos, viúvo, vai ao escritório todos os dias e atualiza-se nas redes sobre notícias. Tem o hábito de anotar tudo em sua agenda, isso garante a sua eficiência em cumprir datas e compromissos. Liga para todos os sobrinhos e amigos nas datas de aniversário.
Mantém-se atualizado em seus exames médicos e sua medicação, fazendo questão de ser o protagonista de seu cuidado. Faz ginástica três vezes por semana. Como lazer, adora uma série ou filmes. Recebe a família aos domingos à noite. Vai ao Mato Grosso pelo menos uma vez ao ano. Em julho de 2024 viajou com 26 membros de sua família, faltando apenas 6 para completar o núcleo. Mantém acesa a curiosidade por pessoas, que o torna atualizado sobre a vida de seus amigos, dos amigos de seus filhos e netos. Boa proza e, quando desafiado a uma entrevista ou pesquisa, estuda disciplinarmente para corresponder às expectativas
Casamento de Antônio Ronaldo R. Cunha e Leila Vanceslau
Se houvesse mais disponibilidade de tempo na vida de Antônio Ronaldo para exercitar o seu pendor literário, seu nome estaria, com justa razão, na galeria dos grandes historiadores nacionais.
Seu primeiro livro – Genealogia dos Rodrigues da Cunha – lançado em 1908, só foi concluído em razão de sua intensa dedicação, muito estudo, pesquisa e investigação. Da história da família à escolha do papel e da gráfica, buscou aprender como fazer de forma mais eficiente.
O lançamento do segundo livro em 2014, “Mulher é Desdobrável – Eu sou”, em dois volumes, foi seu maior desafio: o livro. Iniciou com pesquisa dos escritos de Leila, memórias, documentos fotográficos, crônicas e contos. Enfrentou a dor do luto ao ler cerca de 550 cartas de amor entre o casal cuidadosamente guardadas por ela e que ele não sabia e selecionou parte delas para o livro.
Em 2020 fez a complementação do livro de Genealogia dos Rodrigues da Cunha e inclusão da Genealogia de sua esposa Leila – Famílias Valias e Venceslau.
Por reconhecimento de sua atuação profissional e empresarial, foi agraciado pelo Clube dos Engenheiros com o título de “Engenheiro do Ano” em 1983; pelo Jornal da Manhã, em parceria com a ACIU recebeu em 1984, o título de “Industrial do Ano”; pela Câmara Municipal de Uberaba, recebeu a “Medalha Major Eustáquio” em 1993; pela FIEMG recebeu em 1985, o diploma de “Mérito Industrial”; pelo Jornal Uberaba e o jornalista Fran Diógenes, em 1995 recebeu o troféu “Triângulo de Ouro”; em 2001, através do Jornal da Manhã, recebeu o título dos “10 Mais”; pelo CREA, em 2004 foi distinguido com o “Diploma de Honra ao Mérito; pela Prefeitura Municipal de Uberaba recebeu em 2006 a Comenda do Sesquicentenário do Munícipio de Uberaba.
Antônio Ronaldo R. Cunha
Esposa e maior incentivadora de Antônio Ronaldo, Leila Venceslau nasceu em 4 de janeiro de 1934, na cidade de São Gonçalo de Sapucaí, MG. Era filha de Milton Venceslau e Francisca Valias de Rezende. Seu pai, advogado, ao ingressar na Magistratura assumiu uma das Varas da Comarca de Uberaba. Até os quinze anos, em 1949, era interna do Colégio de Sion em Campanha, MG e no ano seguinte continuou seus estudos em Uberaba, no Colégio Nossa Senhora das Dores. Aos dezesseis anos foi escolhida como madrinha da turma do Tiro de Guerra de 1950, da qual guardou lembranças de muitos afilhados, entre eles, Hitler Pimenta, José Tomaz, César Vanucci, Paulo Rezende, Fúlvio Fontoura, Ricardo Prieto e Biro. Era escritora desde os 18 anos. Suas crônicas e contos foram publicados pelos antigos jornais, “O Triângulo” e o “Correio Católico”, sob o pseudônimo de Roxana. Na sua profunda observação dos detalhes do cotidiano surgiram obras em que se pode distinguir, além de sua inclinação para a literatura, a leveza e a clareza dos seus textos. Formou-se em Línguas Neolatinas pela Faculdade de Filosofia Santo Tomás de Aquino. Desde a fundação da Escola de Economia Doméstica, foi professora por mais de 27 anos até que passou a atuar na administração das empresas de seu marido.
Foi parceira de Antônio Ronaldo nos negócios e companheira nas inúmeras viagens. Em setembro de 2013 foi vítima de uma fatalidade, provocada por um infarto, vindo a falecer aos 79 anos de idade. Foram 58 anos de casamento e 62 anos de convivência com seu eterno namorado. Leila, esposa, mãe, avó, escritora, professora e empresária. Mulher desdobrável. Ela era.
Leila Vanceslau R. Cunha
Todos os seus filhos, frutos do casamento com Leila Venceslau, são seus sócios nas empresas e criaram, entre eles, a Agropecuária 7 Estrelas Ltda. Como sobrenome assinam Venceslau Rodrigues da Cunha. São 5 filhos, 12 netos (5 ª Geração) e 7 bisnetos (6ª Geração).
1. Maria Inês, arquiteta, casada com Luiz Neto Guaritá, (separados), com quem teve os filhos – Bernardo, casado com Nathalie, pais de Caio e Felipe; Camila, mãe de Gaia e Ravi; Rodrigo, casado com Mariah, pais de Gabriel.
2. Antônio Renato, engenheiro civil, casado com Andréa Chueiri Arantes, pais de Renata e Lara.
3. Leila Maria (Leilinha), psicóloga, professora de Psicologia, Mestre em Psicanálise, casada com José Rodolfo de Souza Machado Borges (separados), pais de Fernanda, casada com Leonardo que geraram Leonardo e Clara; Rodolfo, (médico veterinário), casado com Lais, na espera do primeiro filho em novembro; Francy, falecido em 1989.
4. Ronaldo, pecuarista, casado com Ana Luísa Jardim Samora (Naná), pais de Antônio Ronaldo Neto e Gustavo.
5.Fernando, casado com Caru, pais de Luca e Mateo.
Ao longo do tempo, as parcerias e participações de Antônio Ronaldo foram adquirindo novos formatos, sempre apostando na família para composição de suas empresas e empreitadas. Um empresário arrojado e caseiro ao mesmo tempo. Filhos e netos em suas diferentes profissões foram imprescindíveis para a envergadura dos negócios de hoje.
Antônio Ronaldo e Leila com os filhos Leila com os filhos Leila Maria (Lelinha), Antônio Renato, Fernando, Maria Inês
Uberaba ostenta uma das mais bonitas paisagens arquitetônicas do Brasil Central. Grandes empresas construtoras, administradoras e incorporadoras têm contribuído, ano a ano, para uma completa modificação de nosso visual. Sem contar as grandes construtoras nacionais que aqui aportam para lançamentos de grandes conjuntos habitacionais, as empresas: Constrig, Etel, Rio Grande, Urbano Salomão, Guimarães Castro, RCG, Comasa, Bandeira Mello, Fênix, Formalar, Hindy, Continental, Deltamar, Chapadão, Consfal, Borges Staciarini, Portal, Dinamizza, Laterza, Toubes, entre outras, já são nomes familiares de construtoras que vêm deixando sua marca na vanguarda de nosso desenvolvimento.
Na década de 1940 houve duas tentativas para o levantamento de dois espigões. Todavia, com a quebra do comércio de gado Zebu, os edifícios Delta e Equitativa não passaram de dois gigantescos paliteiros espetados por multos anos, nos céus de Uberaba. O único grande edifício inaugurado nessa década foi o Grande Hotel sob a liderança de Orlando Rodrigues da Cunha.
Da esquerda para a direita - Rodolfo, Antônio Renato, Bernardo, Fernando, Antônio Ronaldo e Rodrigo. Abaixo - Gustavo e Antônio Neto
Foi necessário que um jovem engenheiro uberabense, carregando em seu currículo, um estágio na empresa de engenharia "João Carlos Vital", do Rio de Janeiro, desse a partida para a grande transformação de nosso panorama arquitetônico. Recém-casado, Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha, com um diploma na mão e muitas ideias na cabeça, se associa ao saudoso Alberto de Oliveira Ferreira para constituir sua primeira empresa, ETEL em junho de 1955.
A primeira obra da Etel foi modesta. Uma casa residencial à Rua Sete de Abril. Em 1957, surge a grande oportunidade de mostrar seu talento em edificações de grandes obras. A construção do Hospital São Domingos, com 7.200 m² é a primeira demonstração do que estaria reservado à empresa - projetos de grande envergadura. Segue a construção da Faculdade de Filosofia Santo Tomás de Aquino e, em 1958, assume a responsabilidade para edificação do anexo do Grande Hotel de Uberaba.
Da esquerda para direita - Maria Inês, Camila (neta), Fernanda (neta), Leila, Renata e Lara (netas). Carolina (nora), Ana Luísa (nora), Lelinha(filha) e Andréa (nora)
Diversificando, constrói em 1960 o Pavilhão Industrial da empresa Produtos Ceres. Em 1962, ostentando o nome de "Edifício Rio Grande" nasce o primeiro espigão da Etel, construído por incorporação. Um projeto arrojado com dez pavimentos. O primeiro de uma série de cinco edifícios com nomes de rios. A partir de 1963, com um novo sócio, Carlos Alberto R. da Cunha, surgem o "Rio Verde (1964), Rio Negro (1964), Rio das Pedras (1966) e Rio Branco (1967), com destaque para o Rio das Pedras, uma obra de 6.000 m2 com 21 pavimentos. Outras obras foram incorporadas no currículo da Etel nesse período. A construção da SUPAM, a ampliação do Jockey Clube e a implantação da PROFAR, empresa do ramo hospitalar, da qual foi diretor de 1963 a 1974. Nessa época, a Etel recebe o reconhecimento da ACIU e é indicada como Empresa do Ano.
Em 1972 veio a grande crise do setor de construções. O Brasil inteiro entrou em compasso de espera. A Etel praticamente se extinguiu. Carlos Alberto se mudou para Brasília e, posteriormente, para Uberlândia. Quando foi aberta a possibilidade de novas incorporações em 1974, sozinho, lança três Edifícios: o Karajá em 1975, o Centro Comercial "Geraldino Rodrigues da Cunha e, em 1976, o Kalapalo. A ETEL volta a operar a partir de 1975, em sociedade com Ricardo Vasconcelos e Carlos Eduardo R.C. Colombo, acrescentando novas unidades no perfil arquitetônico de Uberaba. Edifício Tapajós, Tocantins, Marajoara, Araguaia e a gigantesca obra de 15.243 m² do Condomínio Elvira Andrade são outros exemplos patentes do espírito de criatividade de um dos maiores empresários que Uberaba já conheceu.
Num movimento incessante de obras, a Etel, além da ampliação da Casa de Saúde São José, constrói em Uberaba, as agências do Bradesco, Real, além de ampliações nas agências do Banco do Brasil, Mercantil do Brasil, Banespa; expande ainda seus canteiros de obras para Canápolis, Perdizes, Caconde, Uberlândia, Teófilo Otoni, Patrocínio Ubá, Guaíra, Ituverava e Anápolis, executando obras para os Bancos do Brasil, Real, Crédito Nacional, Unibanco e Itaú, Cia Nestlé e Secretarias de Estado.
Avenida Leopoldino de Oliveira - trecho de localização dos Edifícios Residenciais - Rio Grande, Rio das Pedras, Rio Negro, Rio Verde, Rio Branco, Kalapalo e Karajá
Não satisfeito com o número de obras em execução da ETEL se associa à Asclépios Honório Paixão Lucas, formando a empresa "Construtora Rio Grande". Com a chancela desta empresa constrói o Hospital Escola da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro; o Conjunto residencial "Pontal" com 160 casas; a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras; 488 residências na cidade de Araxá e 342 apartamentos em Juiz de Fora.
Em junho de 1984, quase trinta anos após sua fundação, Antônio Ronaldo se desliga da Etel e da Construtora Rio Grande. Constitui a empresa RCG - Rodrigues da Cunha Guaritá Engenharia e Empreendimentos Ltda, com os filhos, Antônio Renato e Maria Inês, com seu genro Luiz Neto e com Sebastião Oliveira. Com apenas dez anos de atividade, de 1984 a 1994, a RCG incorporou no patrimônio de nossa arquitetura, verdadeiras obras de arte como o Edifício Di Cavalcanti", obras de extremo bom gosto, do naipe de Portinari, Jatiuca, Búzios, além do "Guignard", Itaparica e Itapoã. Expande seus tentáculos para o setor de casas populares, responsabilizando-se pela construção de mais 1.211 residências nos Conjuntos Uberaba I, Manoel Mendes e Coagra. Com fôlego inesgotável constrói, ainda, a Faculdade de Zootecnia, as Lojas Brasileiras, o Cats Motel, a Escola Agrotécnica, Pneus Triângulo, Tribunal Regional do Trabalho, Tiamo e o Clube do Trabalhador (José de Alencar), a grande realização do SESI em Uberaba.
Edificio Elvira Andrade Cunha
Poucos empresários podem apresentar em apenas uma década um rol de realizações tão intensas quanto Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha à frente da RCG. Em números sintetizados foram edificados, até então, 24 espigões, 2239 casa residenciais, 16 agências bancárias, além da construção de inúmeras faculdades, instalações industriais, hospitais, lojas e clubes de campo, que somaram 352.000 m² de construções.
Nessa primeira década, o empreendimento próprio mais arrojado da RCG foi a construção do "Rodrigues da Cunha Guaritá Center Shopping" e o "Manhattan Flat Service", um conjunto de 93 lojas, 1 restaurante, 79 apartamentos e 173 boxes de garagens, uma obra de 18.062 metros quadrados, inaugurado em 1990 e que transformou radicalmente as áreas das ruas São Benedito e Tristão de Castro.
A partir de 1995, Antônio Ronaldo, já com 40 anos na indústria de construção civil e completando uma década no comando da RCG, intensificou suas atividades com a construção de fábricas das empresas Black e Decker, Uberdiesel, Consist, Akros e a ampliação da ABCZ, esta realizada nos anos de 2005 a 2007. Também obras habitacionais em Uberaba como os Residenciais Ilhas Gregas, Caribe, Hawai em 1998; três áreas no Jardim Europa em 2000/2001 e 2003; Tahiti e Residencial Shopping em 2002; Villaggio Belvedere em 2001; Alfredo Freire II em 2000; Portal das Torres em 2003; Cidade Nova, Buena Vista e José Humberto Rodrigues da Cunha em 2004; Francisco Angotti e Villa Barcelona em 2006; Morada do Park I e II nos anos de 2008 e 2009; Condomínio Uirapuru em 2009; Jardim Copacabana e Parque dos Girassóis I e II em 2011; Iguatemi em 2014; Ilha de Marajó e Jardim Marajó I, II e II, em 2016.
Edifício Geraldino Rodrigues da Cunha
Na construção de áreas residenciais em Uberaba se destacam as obras realizadas no Bairro Beija-Flor I, II e III, onde fez dois loteamentos beneficiando 1.650 lotes e construindo 2.299 casas nos anos de 1999, 2000, 2001, 2003, 2012 e 2014.
Em obras residências, somente em Uberaba, de 1995 a 2016 foram edificados 49 edifícios, 1.342 apartamentos, 4970 casas e 426 unidades habitacionais, totalizando l.158.848,38 m² de área construída. Todavia, nesse período, a obra mais icônica foi a construção do Shopping Center Uberaba, de propriedade da Jaguara Empreendimentos Imobiliários Ltda, uma empresa que tinha a participação da própria RCG, Uniube, Luciano Ribeiro e família Bichuetti. O Shopping foi inaugurado em 1999 em uma área construída de 12.875 m2 e ampliado nos anos de 2.006, 2008, 2013 e 2015. Atualmente tem 47.334 m². Essa edificação pioneira exigiu tratamento especial de Antônio Ronaldo que, como diretor, participou ativamente da aquisição do terreno, do projeto arquitetônico, da construção, das ampliações e até das negociações com os lojistas. Mais do que um investimento, ele queria trazer para Uberaba a experiência dos grandes centros. Um projeto que trouxe muito orgulho para Uberaba, colocando a cidade em igualdade de condições com os grandes centros comerciais brasileiros.
"Rodrigues da Cunha Guaritá Center Shopping" e o "Manhattan Flat Service"
Além das obras residenciais de Uberaba, a RCG se dedicou também à construção de casas e apartamentos em outras cidades de Minas Gerais e São Paulo. O Residencial Jardim Botânico I, II e III, o Residencial Europa e o Jardim das Palmeiras em Uberlândia, o Residencial Eduwirgens Alves em Araguari, o Residencial Marchi em Frutal, o Residencial Jardim Europa, Camilo Chaves I e II e o Jardim dos Estados Unidos em Ituiutaba, o Residencial Max Neumann em Araxá, o Residencial Novo Jaraguá I e II em Montes Claros, o Residencial Alto de Ipanema e o Residencial Bosque das Araucárias, na cidade de Sorocaba, SP, acrescentaram mais 4 edifícios, 768 apartamentos e 1427 em seu currículo de obras. Em obras para o setor comercial e industrial em outros municípios, entre outras se destacam a construção em Frutal, em 2008, para a “Usina Frutal Açúcar e Álcool, (34.925 m²), a Usina Caeté de Volta Grande (7.301 m²) e a Cia. Energética de Açúcar e Álcool Vale do Tijuco, em duas etapas de implantação e ampliação nos anos de 2010 e 2012 (52.080 m²), somando nessa área um total de l80.701,21 m².
Antônio Ronaldo e Leila em passeio em uma de suas fazendas
Antônio Ronaldo dedicou 61 anos de sua vida na área de construção civil, dos quais, 29 anos à frente da Etel (1955/1984), período em que se construiu cerca de 700.000 m², e 32 anos (1984 a 2016), na administração da RCG, responsável por 1.299.146 m² e de 681.700 m² de áreas loteadas. Um feito memorável - mais de 2 milhões de metros quadrados de construção sob sua administração. Obras deste vulto só foram possíveis ser concretizadas por Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha, pela credibilidade que seu nome sempre impôs; pela pontualidade e segurança de seus empreendimentos e pelo arrojo de seus movimentos.
Na área do empreendedorismo, Antônio Ronaldo, além do setor da Indústria de Construção, empenhou-se também ao segmento rural. Durante a crise que se instalou no setor de construções em 1972, Antônio Ronaldo volta-se para o ramo de exportações de gado, constituindo a empresa "ZEBU - Exportadora Uberaba Ltda.", da qual foi diretor de 1972 a 1975. Foi a época em que atravessou vários países do Continente Africano, vendendo nelores de seu plantel.
Sua primeira fazenda, a Santo Antônio, herança de seu pai em 1957 foi vendida em 1970. A partir de 1971, com a compra da fazenda Aliança localizada no município de Araputanga, Mato Grosso, perto da divisa da Bolívia, marca sua presença na pecuária de bovinos para corte, atividade que o transformou ao longo do tempo, em um dos maiores fornecedores dos frigoríficos brasileiros. A criação de cavalos Mangalarga Marchador, permaneceu em Uberaba. Sedimentado no meio rural, logo seguiram outras aquisições de novas propriedades em Mato Grosso como as fazendas Esperança, São José, Santa Cruz, Cantão Bonito, Corixo, Tamboril e Santo Antônio do Aguapei. Na fazenda São José foi descoberto um veio de ouro, extraído em uma escavação de 44 metros de profundidade. Para se ter uma idéia da magnitude da produção dessas fazendas, a Agropecuária Rodrigues Cunha Ltda tem o maior número de cabeças registradas/ano pelo Certificado da ABCZ. Já foram realizados 14 Mega Leilões com a inovação de autofinanciamento de cerca de 1.000 touros por evento anual.
Antônio Ronaldo, Leila, familiares e amigos se preparando para uma cavalgada na fazenda Aliança
A empresa utiliza, além das pastagens, o sistema de semi-confinamento e confinamento do gado de produção de carne. Com as variedades de terra de cada região em que se localizam as fazendas, se criou as condições para o sistema de cria, recria e engorda. As fazendas integradas são produtoras de soja para exportação e de grãos das safrinhas, para abastecimento dos confinamentos. O sistema agropecuário - fazendas integrativas, verdadeiras indústrias de produção de carne e soja tornou-se o maior empreendimento de Antônio Ronaldo. São mais de 550 pessoas envolvidas nessas organizações, possibilitando oportunidades de aprendizados e ascensão pois muitos dos que participaram desse processo são hoje, também, proprietários rurais. Fernando, um de seus filhos, sócio e diretor da Agropecuária Rodrigues da Cunha Ltda é um dos grandes responsáveis pela expressiva expansão desse complexo empresarial, criado em 1988, sucedendo a LAR Imobiliária e Engenharia Ltda.
No setor financeiro, Antônio Ronaldo criou em 1995, a Aplic Factoring Fomento Mercantil Ltda da qual é diretor junto com seus filhos, Ronaldo e Renato.
Antônio Ronaldo e Leila
Essa é uma história em que se conta, em resumo, a vida de um grande empreendedor uberabense que sempre andou à frente do seu tempo. Um guerreiro obstinado pelos seus propósitos. O mais arrojado administrador da grande família Rodrigues da Cunha. É referenciado no setor de construção civil e reverenciado no segmento da agropecuária nacional. Sua vida é uma ‘lição de vida’. O seu legado, um orgulho para sua geração. Seu exemplo, um marco para as futuras gerações. Pela sua obra é um divisor de águas entre o que é e o que era Uberaba. Por méritos e por justiça, Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha é um CONSTRUTOR DO PROGRESSO.
Hora de curtição, Antônio Ronaldo entre seus familiares
Fontes – Depoimentos de Leila Venceslau Rodrigues da Cunha em 1993 e de Leila Maria Venceslau Rodrigues da Cunha em 2024. Livros – Os Rodrigues da Cunha, A Saga de uma Família de autoria de Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha e Maria Amato. – Volumes I, II E III; Mulher Desdobrável – Eu Sou – Leila Venceslau e Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha = Volumes I e II.