Nayara Pegorari



Mulheres fortes, trabalhadoras, empreendedoras, esposas, estudiosas que cuidam da casa e da família. A carga de trabalho imposta à mulher, historicamente, é tão grande que, muitas vezes, não sobra tempo para cuidar de si mesma, principalmente de sua alimentação. A saúde feminina precisa de atenção especializada, já que o corpo da mulher trabalha de forma diferente do corpo masculino. Possui diversas fases como adolescência, climatério, menopausa, gestação e amamentação. Cada uma dessas etapas promove alterações diferentes e necessitam de orientações nutricionais específicas para um bom desempenho ou para melhoria de sintomas, em situações de desconforto ou distúrbio.

Agora, pare e pense, certamente você deve conhecer pelo menos uma mulher que sofra com uma, ou mais, das seguintes situações: Síndrome do Ovário Policístico (SOP), endometriose, baixa libido, candidíase, infertilidade, queda de cabelo, Síndrome Pré-Menstrual, problemas com emagrecimento ou questões no âmbito estético. Mais que somente reconhecer essas situações, ou mesmo vivenciá-las, o fundamental é saber que para todos esses casos existem estratégias alimentares próprias e muito eficazes. A Tensão Pré-Menstrual (TPM), por exemplo, atinge a maioria das mulheres, por isso é bastante importante conhecer o nosso corpo. O ciclo menstrual é composto por fases e, principalmente na fase pré-menstrual,ocorrem inúmeras variações de metabólitos, micronutrientes e uma alteração brusca de hormônios, o que desencadeia inflamações e, consequentemente, cólicas, enxaquecas, náuseas, entre outros desconfortos. Atualmente, temos 150 sintomas conhecidos (e reconhecidos cientificamente) durante a TPM, e cerca de 90% das mulheres vivenciam algum deles durante seus anos reprodutivos. Em determinados casos os sintomas são tão graves que prejudicam as vidas social, profissional e familiar da mulher, por isso a importância de tratar esse tema como um caso de saúde pública e de desfazer preconceitos e estereótipos criados em torno dessa questão.



Trazendo a discussão para o campo da alimentação e da nutrição, é possível perceber que a vontade de comer doces, durante o período da TPM, é uma das maiores queixas das mulheres. Mas por que essa vontade aparece? Nosso corpo, extremamente inteligente, sabe que, se consumirmos doces, a glicose será aumentada, o que auxilia na produção de serotonina, que é um neurotransmissor da alegria, da felicidade e da resiliência ao estresse. É por isso, então, que nesses períodos há essa necessidade e também um maior prazer no consumo desses alimentos. Neste caso, para lidar de maneira saudável, para o corpo e a mente, com essas vontades, é possível recorrer a versões de receitas mais equilibradas, mesmo com a presença de doces, e consumi-las de forma consciente e sem exageros.

Assim, para pensarmos na saúde da mulher, é relevante destacar que uma dieta anti-inflamatória, rica em frutas e verduras, castanhas, chás variados, temperos antioxidantes, evitando alimentos processados e ultraprocessados, que aliada ao consumo de água, traz ótimos resultados tanto para o tratamento da TPM quanto para lidar com doenças e envelhecimento.

Outro fator muito importante para a saúde é a manutenção saudável da microbiota intestinal. Para isso, além de uma alimentação adequada, na maior parte do tempo, podemos contar com a ajuda de prebióticos, que são componentes alimentares não digeríveis presentes na maçã, banana e aveia, e probióticos, que são microrganismos vivos encontrados em leites e bebidas fermentadas. Assim, haja vista que um intestino equilibrado traz muitos benefícios para a saúde em geral, para a imunidade e para o emagrecimento, é fundamental estar atenta ao seu bom funcionamento.

Um último ponto importante que devemos ter em mente é que, por mais semelhantes que alguns sintomas e algumas vivências sejam, nossos corpos têm seu universo particular, e, por isso, os cuidados e os tratamentos sempre devem ser individualizados, buscando trazer bem-estar, autoconhecimento e autonomia para que cada mulher seja a SUA melhor versão.