Neste ritmo de iminentes catástrofes ecológicas, climáticas, econômicas e sociais que circundam o planeta (nossa 'Casa Comum', na bela expressão do papa Francisco), a moda deve ser consciente e sustentável. Ela é uma nova plataforma, que desponta sobre aquele antigo conceito da indústria de consumismo desenfreado. Hoje é possível observar que algumas indústrias já entenderam que a sustentabilidade não é identificador e, sim, modificador consciente no mercado, motivando a reflexão sobre o consumismo desenfreado.
A mudança está por todos os lados! Se parar para pensar, verá que, por trás das roupas, adquirimos esta gigantesca produção para suprir o consumismo, em contraponto aos resíduos químicos vindos desse contexto. O problema é fato. A moda sustentável vem discutir essa atitude porque, além do problema com os resíduos da produção, aproximadamente 290 mil toneladas de roupas usadas são descartadas. Na marca de cinco anos, o consumo da indústria têxtil chegou a cerca de 70 milhões de toneladas. A probabilidade é que esse número cresça 4% a cada ano até 2025.
Com tudo, vale ressaltar o verbo reciclar, à vista que somente 20% desses tecidos são reciclados por ano em todo o mundo. Um mínimo, diante da marca da grande produção. O relatório do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, país detentor do maior mercado de vestuário do mundo, com cerca de 30% do volume total, comprovou a existência de trabalho infantil e de trabalhos forçados na indústria da moda no Brasil, Argentina, Bangladesh, China, Índia, Indonésia, Filipinas, Turquia e Vietnã.
Você, produtor, consumidor, fazer a sua parte é fundamental. Você faz moda consciente e recicla suas roupas? Como chegar a este resultado?
Uma simples ação de montar uma mala para uma pequena temporada em uma estação de esqui poderá ser o ponto de partida. O desejo de fazer diferente apontará o interesse e respeito sobre qual peça reciclar ou aquela que se faz necessário consumir. A pergunta é: Vai aproveitar a temporada de inverno e praticar o esqui consciente? Vale ponderar, se pretende de fato, comprar as roupas apropriadas ou se prefere alugá-las - a opção de locar ao invés de adquiri-las levará o "fim da propriedade", no processo do vestuário (considerando os impactos sociais, ambientais e geração de desigualdade social).
O debate sobre o custo da moda no inverno e a real necessidade deste investimento para uma semana nas montanhas geladas de Bariloche ainda perdura. Vale o custo? Esse é apenas o começo de uma transformação radical, mas necessária, que compete a cada pessoa que queira fazer a diferença. A resposta está em seus próprios passos. De imediato, fica a dica de reflexão.
De exercício, ficarão os itens básicos que não poderão faltar em sua mala de viagem: camisetas térmicas para vestir por baixo de tudo, casaco quente de plush, casaco grosso corta-vento e impermeável, última peça que deve ser vestida, a que fica em contato com o meio externo, enfrentando a neve. A cartela de cores deve vibrar - o interessante é chamar a atenção por motivo de segurança.
Outros grandes destaques são os acessórios: óculos de sol próprios para contraste com o branco da neve, prefira os que prendem com elástico, luvas, faixa para prender cabelo, capacete para a prática esportiva. Em geral, na estação alugam-se apenas as peças externas impermeáveis, além dos acessórios que desenharão o seu estilo consciente nessa nova experiência.
Adepto ao snowboard, Cainã Gobbo Bolone veste The North Face, na temporada de neve no Nordeste dos EUA. "Há 2 anos uso a mesma jaqueta, não aposto no consumismo, as outras peças, geralmente, alugo na estação", explica o atleta brasileira radicado em New Jersey.
Falando em estilo, algumas dicas de hoje do gênero:
Ruth Gobbo
Fotógrafa e colunista internacional.