Jornalista Valeska Ramos
A mulher vem ganhando espaço em todos os setores da vida, o campo de futebol tem sido um deles. Embora a presença feminina no esporte sempre foi alvo de preconceitos, o futebol não é um esporte masculino, ele é apenas um ambiente hostil às mulheres, algo que precisa ser mudado. Contudo, esse cenário vem mudando e a copa de 2022 enfatizou essa conquista, com Ana Thais Matos, jornalista que foi a primeira mulher a comentar um jogo masculino de futebol na copa da Rússia e também Renata Silveira, que ocupou seu espaço narrando jogos da Copa do Mundo de 2022.
Outra grande jornalista esportiva de destaque na narração é a mineira Isabelly Morais, no comando das transmissões dos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino na Band. Embora seja ainda alvo de muita controvérsia até os dias de hoje, o futebol feminino conquistou seu espaço e mostrou que não existe proibição e preconceito que impeçam essas mulheres de fazerem história.
A primeira partida oficial do futebol feminino aconteceu em 1895. O jogo ocorreu em Crouch End, Londres, Inglaterra e foi organizado por Nettie Honeyball, ativista dos direitos da mulher e fundadora do British Ladies Football Club – o primeiro clube oficial de futebol feminino. Os dois times foram divididos em Norte e Sul, representando duas partes da cidade. Com uma presença tímida nos anos 20 e 30, as mulheres começaram a aparecer no cenário do futebol nacional em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte. Os poucos registros da época mostram uma partida realizada no Estádio Pacaembu em 1940
Jornalista Uberabense em destaque
Nossa cidade não está fora desse marco. É o que conta a jornalista Thais Contarin, cuja meta sempre foi trabalhar com o jornalismo esportivo, principalmente por conta do futebol. “O curioso é que, com o passar dos anos, eu acabei me envolvendo mais na cobertura de outras modalidades, como o esporte paraolímpico e o futsal. Hoje, como editora do GE, voltei a ter muito contato com o futebol. Minha primeira grande experiência profissional com o futebol foi, pelo menos para mim, de uma forma completamente improvável. Nunca tinha passado pela minha cabeça a possibilidade de ser narradora esportiva, sempre quis ser repórter. No entanto, eu sempre gostei de novos desafios e busquei formas de conseguir grandes oportunidades mesmo morando no interior. Foi assim que eu consegui, por exemplo, trabalhar para um jornal alemão nas Paraolimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. E foi assim também, me desafiando, que eu mandei um vídeo narrando um trecho de um jogo para participar de um reality show que selecionaria uma mulher para narrar a final da Liga dos Campeões em Madrid, na Espanha, em 2018.”
Segundo a uberabense, ela nunca criou expectativa quando se inscreveu, porque sabia que narração não era sua especialidade, mas, foi uma das mulheres selecionadas para o programa. Ela conta que ficou perto de grandes ídolos do futebol, como o Zico e o Rivelino e teve a chance de conversar e aprender com narradores e comentaristas os quais admirava.
“Mesmo com tanta coisa boa, tivemos também o lado muito ruim. Recebemos muitas mensagens de ódio, fomos xingadas, desrespeitadas e atacadas por homens nas redes sociais todos os dias. As críticas começaram antes mesmo do programar ir ao ar. Mas, tudo piorou muito depois do primeiro episódio. Eu, particularmente, não me deixava afetar por aquilo. Mas, me doía muito ver o quanto aquilo serviu de gatilho para outras meninas. Algumas até pensaram em desistir. Não é fácil saber que certas pessoas nunca vão aceitar que você é capaz, somente pelo fato de ser mulher. Não é fácil passar anos estudando e se especializando e escutar de alguém que você não é qualificada porque isso “é coisa de homem”. Eu nunca tive muitos problemas por ser uma mulher trabalhando em um ambiente predominantemente masculino, mas já escutei muitos homens que trabalharam comigo, ou que me viam no dia a dia, comentando que eu tinha a cara muito fechada, que eu sempre parecia estar brava, ou até mesmo que eu parecia metida porque não dava espaço para muita conversa. A verdade é que manter uma postura muito séria e estritamente profissional no começo da carreira foi a forma que eu encontrei para ser respeitada.” Thais Contarin.
Evolução do futebol
Em 1991 aconteceu a primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino. Entre as maiores conquistas da seleção brasileira feminina: segundo lugar (2007) e terceiro (1999) em Copas do Mundo e duas pratas em Jogos Olímpicos (2004 e 2008).
Atualmente, as mulheres estão cada vez mais aparecendo dentro e fora dos gramados dos campos de futebol do país. Seja como jogadoras, comentaristas, apresentadoras, narradoras ou repórteres, todas batem um bolão. Em abril de 2021, uma emissora nacional assinou contrato com a comentarista e ex-árbitra de futebol Nadine Basttos. Após atuar como árbitra por 10 anos, Nadine se tornou, em 2017, a primeira mulher comentarista de arbitragem da TV brasileira ao ser contratada pelo Fox Sports. No SBT/Alterosa participa tanto das transmissões dos jogos, quanto dos programas e pautas sobre futebol.
Uberaba dando show nas quadras
O time de futebol de salão Spartan foi criado em 2015 por amigas para organizar encontros para que elas pudessem jogar e divertir com o futsal. A organização deu certo e elas tornaram uma referência de equipe organizada e disciplinada. Hoje, a maioria aposentou das quadras, mas decidiram continuar com o nome, pelo tudo que já tinham construído e também pelo significado que o nome carrega, no qual encaixa perfeitamente em cada atleta que hoje possuem.
A equipe do Uberaba Spartan Sport iniciou um grande projeto para torna-se uma Equipe de Rendimento, com isso, treina 3 vezes na semana, dividindo os treinos para o condicionamento físico, treinos táticos, coletivos com situações de jogos, sem falar nas aulas teóricas em vídeos. Tudo para representar melhor a cidade nas principais competições da nossa região, estado e também em âmbito nacional.
O grande diferencial do projeto da Associação Spartan Sport é a disciplina e o comprometimento com todos, pois o projeto é 100% social, todos que estão envolvidos, sejam atletas ou comissão técnica, não possuem remuneração, por isso é tão importante o comprometimento de cada um que compõe a equipe.
Célia Andrade, 38 anos, advogada inscrita na OAB e estudante do 2º ano de Educação Física é a responsável pelo marketing da rede social da equipe. Ela também é gestora do Projeto Spartan Sport, sendo bastante conhecida na cidade de Uberaba. Casada com Daniela de Romas, que é uma das principais jogadoras do time. Além de técnica, em que oferece os fundamentos para a iniciação, time de base e também assumiu a equipe de rendimento.
“Hoje contamos com o apoio na comissão técnica, Reginaldo, Nilton, Larissa, e também do Gleysinho, que nos ajuda com a preparação física”. Amante de esportes, Celinha é jogadora de futsal do time da OAB de Uberaba e também representa a OAB no Tênis de campo. Entrou para compor o Time da Spartan, depois assumiu a equipe para que o time não acabasse e desde então nunca mais saiu. “Minha motivação, ao criar a Associação e desenvolver esse projeto, vai um pouco além de apenas compor uma boa equipe dentro de nossa cidade. Quero mostrar para cada atleta, que para crescer seja dentro de uma equipe, ou na vida, precisamos ter disciplina, saber respeitar o próximo, ter comprometimento dentro e fora de quadra, a união dos estudos e esportes, é sim necessário, e que ambos podem e devem sempre andarem juntos”. Afirma, Celinha.
A equipe Spartan foi recentemente bicampeã do Copão Sicoob de Futsal de Sacramento e Campeã da Supercopa de Araxá.
A seleção americana conquista a vitória da primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino. Imagem Reprodução Youtube FIFATV
Célia Andrade, gestora do Spartan Sport
Imagem da primeira partida de futebol feminino
Primeira Copa do Mundo Feminina
Thais Contarin, jornalista esportiva
Time da Associação Spartan Sport