Ricardo Almeida



A palavra “impacto” apresenta diferentes significados. O termo é utilizado para indicar uma colisão, um abalo ou ser sinônimo de algo que, por sua força, impede ou acarreta mudanças. Quando o uso de “impacto” é direcionado às questões ambientais, quase sempre fazemos conexão com algo ruim, remetendo à ideia de que algum problema ocorreu no meio ambiente. No entanto, nem sempre isso é verdade, pois os impactos ambientais também podem acontecer de forma positiva.    

Alguns pesquisadores definem impacto ambiental como modificação das propriedades do meio ambiente que não podem ser absorvidas sem alterar o equilíbrio do ecossistema. Esses impactos podem afetar componentes vivos do meio ambiente (bióticos), como a fauna e a flora; elementos não vivos (abióticos), como a água e a atmosfera; e os componentes antrópicos, que se referem a fatores sociais, econômicos e culturais da sociedade humana. Há o entendimento também de que fenômenos naturais, como: tempestades, enchentes, incêndios florestais por causa natural, terremotos entre outros, apesar de poderem provocar alterações no meio ambiente, não se caracterizam como impacto ambiental. 

O Sistema Ambiental Brasileiro entende “impacto” como o resultado das ações que alteram o meio ambiente. Sabemos que todas as mudanças realizadas na natureza geram impactos ambientais, que podem ser prejudiciais ou benéficos, em maior ou menor grau. Assim, podemos dizer que são impactos prejudiciais as ações que afetam e degradam o meio ambiente e, por outro lado, podemos qualificar como benéfico as ações relacionadas à revitalização e preservação ambiental. O grande problema que se insere neste contexto é o desequilíbrio existente entre esses dois tipos de impacto. 



Qualquer intervenção do homem na utilização dos recursos naturais que possa causar impacto ambiental negativo deverá ser submetida aos órgãos ambientais competentes, que após análises técnicas poderão consentir a atividade pretendida e conceder licenciamento ambiental. Esses procedimentos demandam uso de instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente, entre eles o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), que propõe desenvolver uma compreensão daquilo que está sendo proposto e avaliar os possíveis impactos, e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que expressa todas as conclusões apresentadas no estudo prévio por meio de mapas, quadros e gráficos. 

Para minimizar as consequências e prevenir os impactos negativos no meio ambiente, a legislação ambiental determina medidas mitigadoras ou compensatórias. As mitigadoras são aquelas realizadas no momento em que ocorre a ação, como por exemplo, a reutilização dos resíduos produzidos por uma empresa, ao invés do seu descarte no meio ambiente. Já as medidas compensatórias são aquelas que ocorrem em paralelo à ação modificadora, visando compensar as consequências causadas pelo empreendimento, como por exemplo, o ato de reflorestar matas quando a atividade ainda envolve a emissão de dióxido de carbono (CO2), processo esse também conhecido como neutralização de carbono. 



Os impactos positivos ainda precisam alcançar escalas maiores para romper o crescente nível de degradação ambiental e perda dos recursos naturais. Nesta direção, muitos projetos estão ganhando espaço por meio de seus resultados positivos, entre eles: Greenpeace, uma instituição que atua em nível global com objetivo de fazer com que as pessoas adquiram novos hábitos e respeitem o meio ambiente em que vivem; WWF-Brasil, uma organização brasileira dedicada à conservação da natureza que orienta a sociedade a usar racionalmente os recursos naturais; IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, dedicado à conservação da biodiversidade em bases científicas, atuando em pesquisas, formação de profissionais, educação ambiental e programas de geração de renda e negócios sustentáveis; SOS Amazônia, entidade que tem como objetivo promover a conservação da biodiversidade e o crescimento da consciência ambiental na Amazônia, atuando em áreas protegidas, políticas públicas e educação ambiental; e Instituto Akatu, uma organização focada na conscientização e mobilização da sociedade para o consumo sustentável.



Portanto, é importante que bons empreendimentos socioambientais tenham maior visibilidade para que possam compor os debates que promovem o diálogo entre educação e meio ambiente, os quais são mecanismos importantes na difusão do conhecimento e geração de informação para a população em geral. 

É hora de abrirmos nossa mente para novas perspectivas sobre as questões ambientais e compreendermos que cada indivíduo pode impactar o meio ambiente de forma positiva. Essa simples compreensão, combinada com atitudes assertivas, é uma forma de combater a banalização que ainda impera sobre o assunto. É, também, algo que, por sua força, pode impedir a ocorrências de novas mazelas e desencadear grandes mudanças. 



É com base nesses movimentos positivos que devemos acreditar que o cenário de embates entre ações positivas e negativas, envolvendo o meio ambiente, está com seus dias contados. Devemos acreditar que, em breve, esse palco será transformado, dando lugar a uma nova configuração onde prevalecerá o protagonismo da Ciência, da Tecnologia e de uma Sociedade cada vez mais comprometida.  



Ricardo Almeida

Doutor em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Mestre em Inovação Tecnológica. Especialista em Gestão de Pessoas e Negociação Coletiva. Atua nas áreas de Desenvolvimento Humano e Educação Ambiental.


* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Mulheres. O conteúdo é de total responsabilidade do autor. 


Siga a Revista Mulheres no Instagram e no Facebook.