Marcos Moreno
Mudou!!!
Vou aqui parafrasear Taiguara, um grande compositor que brilhou muito nas paradas de sucesso da MPB na década de 70 e morreu em 1996. Ele deu esse título a uma de suas composições: “Mudou”. A letra dizia: “mudou o tempo e o que eu sonhei pra nós...” e era de uma música romântica que naturalmente falava de amor entre duas pessoas. Aqui nosso tema é outro, mas o tempo do título é também passado: “mudou”, e aproveito para prestar uma homenagem ao compositor de quem eu era fã.
Circo sem bicho
“O mundo está mudando” é uma expressão que se tornou prosaica, mas o fato é que enquanto proferíamos a expressão, não percebíamos o que já estava acontecendo. E as mudanças aconteceram. Para não divagar e/ou fugir do tema da coluna, vamos falar então da mudança de comportamento do homem em relação aos animais. Eu ainda me lembro muito bem da minha ansiedade para ver os animais de um circo quando da sua chegada à cidade. Circo sem bicho não tinha graça. Uma criança naquela época, via de regra, era incapaz de imaginar o sofrimento do bicho para estar ali fazendo a alegria da meninada. Ainda por muito tempo a fantasia continuou, até que começaram a surgir ativistas e organizações em defesa dos animais para mostrar o lado cruel que insistíamos em não ver. Mudou!
Mas o show tem que continuar ...
Não é mais permitido um circo colorido e itinerante abrigar debaixo de sua lona jaulas de animais como tigres “adestrados”, elefantes dóceis e outros tantos bichos. Mas ainda existem, não de forma itinerante, os famosos parques aquáticos pelo mundo afora. Não são cobertos por lonas e não possuem jaulas, mas aprisionam em piscinas animais que têm o oceano inteiro para viver. Jaulas aquáticas. Orcas e golfinhos alimentam as mesmas fantasias de quem via um leão, um urso ou um elefante fazendo malabarismos para arrancar aplausos de uma plateia que ia ao delírio com tamanha façanha. Mudou?
A baleia não é assassina
O mundo mudou, mas os homens ainda patinam no entendimento das mudanças. Avançamos até libertarmos os bichos dos circos, mas como o espetáculo precisa continuar, criamos outras formas de prendê-los e sim, torturá-los. É nesse contexto que se encaixa a notícia da orca que se matou em um parque aquático desses famosos. Não uma, mas algumas vezes, a morte de um treinador por uma baleia orca foi notícia estampada na mídia mundial, reforçando a crença de que essa espécie pode ser classificada como “baleia assassina”. Embutida na fama da baleia, a “superioridade” do homem que consegue domesticar até um animal com instintos tão cruéis. O que mudou?
Final trágico
A notícia que estampou a mídia mundial agora foi outra. Hugo, um macho da espécie orca, se matou. Ele foi mantido no Miami Seaquarium, na Flórida, por mais de 12 anos, antes de morrer aos 15 anos de aneurisma cerebral. Exatamente: um filhote de orca arrancado de sua família na natureza e forçado a fazer malabarismos para plateias, cometeu suicídio, batendo sua cabeça contra uma parede da piscina (jaula) em que vivia. Esse foi o final da história real e sem glamour que ainda não conseguimos entender que tem que mudar. O mundo mudou e definitivamente não cabe mais nesse mundo atual esse aprisionamento bárbaro de um animal. Esse é enfim, o apelo da coluna de hoje: não vá! Não compre um ingresso para ver um animal fazendo malabarismo pra você. Isso não é natural. Perceba que o mundo já MUDOU!
(Parceiro publicitário: Moreno Pet Blog)
Marcos Moreno
Comunicador, colunista, criador da Coluna Amigo Animal e do Moreno Pet Blog.
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