Márcia Resende
Olá,
Estamos preparados para mais um ano, já conhecemos todos os meandros que impulsionam esta pandemia, então vamos em frente com nossos projetos e com a nossa maior missão como pais educadores, a criação dos nossos filhos.
E essa missão de educar necessita acima de tudo de diálogo. O diálogo sempre foi e será o aglutinador de vidas, tanto do ponto de vista pessoal, quanto nos negócios e principalmente na família.
“Dialogar é o caminho da permanente construção da vida social, familiar e individual. Dialogar qualifica a capacidade humana de se dirigir ao outro, nas diferenças e nos parâmetros racionais das oposições. Permite também estabelecer uma relação com a lucidez de discernimentos e escolhas.”
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
No diálogo não existe espaço para a raiva, a negação, a vingança ou o oportunismo. O diálogo é uma forma de saber escolher bem, decidir e garantir a condução adequada e coerente, das mudanças e transformações necessárias.
Vamos retomar e aprofundar nosso entendimento sobre diálogo em conexão com pensamentos e emoções na relação com nossos filhos. No diálogo em conexão, Luiz Hanns, autor do livro A Arte de Dar Limites, apresenta três momentos fundamentais que são: desarmar os ânimos, escutar os sonhos e medos e empatizar.
Vamos acompanhar o caso a seguir tentando imaginar o que faríamos se os protagonistas da situação fossemos nós e nossos filhos.
Lucas, um garoto com atitudes agressivas.
Lucas, de 13 anos, tem brigado muito com o irmão Rafael, de 10 anos. Na última briga o irmão caiu, bateu a cabeça no chão e ficou com um calombo enorme. Teve sorte, podia ter sido pior.
Além de bater no irmão, Lucas começou a ficar mais agressivo, impaciente com os colegas. Faz brincadeiras de mau gosto. Tem se mostrado pouco obediente em seguir rotinas como hora do banho, fazer o dever de casa ou dormir. É como se não ouvisse; parece distraído ou excitado demais com a brincadeira do momento (em geral atividades que envolvem jogos on-line).
Primeiro momento: desarmar os ânimos
Antes de mais nada, é preciso afastarmos os temores e apaziguarmos as irritações dos nossos filhos neste momento de conversa.
Algo como: “Lá vêm meus pais me encherem o saco, me criticar, não aguento mais!”
Precisamos mostrar para eles que queremos ter um verdadeiro diálogo, que pretendemos ouvi-los sem brigar.
Talvez seja interessante pedirmos desculpas por termos gritado e perdido a paciência em algum momento. Podemos explicar que determinadas situações têm se repetido com frequência e que gostaríamos de juntos buscarmos uma solução para que isso não se repita.
Ter um diálogo não significa que concordamos com a posição deles.
No caso do exemplo, os pais do Lucas começaram a conversa tentando entender o porquê de tanta irritação.
- Filho, reparei que ontem você ficou bem chateado e irritado com seu irmão. O que aconteceu naquele momento que deixou você tão irritado? Está acontecendo alguma coisa que nós não estamos sabendo? O que tem incomodado você para agir assim?
Segundo momento: escutar de verdade
O essencial neste segundo momento é entendermos as motivações, os medos e os sonhos dos nossos filhos, em cada situação problema. “A partir disso poderemos identificar com qual pensamento e emoção dele devemos dialogar”. No caso do Lucas, além de estar sendo agressivo com o irmão, também vem apresentando um comportamento agressivo na escola, uma desobediência em seguir rotinas. É importante abordar apenas um tema. As crianças e os adolescentes prestam atenção naquilo que se relaciona com seu mundo, seus desejos e temores.
Vamos voltar ao exemplo:
- Lucas, seu irmão entra muito no seu quarto? É verdade que ele rasgou sua atividade? Como você se sentiu? Você já se sentiu assim antes?
É importante que façamos perguntas que se refiram a atitude que escolhemos abordar. Devem ter como meta entender o que os nossos filhos sentem e pensam. As perguntas podem ajudar a entender se eles agem com consciência, por imaturidade ou por influência ou imitação de algum outro comportamento. Devem ser perguntas leais e éticas de pais que se interessam pelo filho, querem ouvir o que ele tem a dizer e entender suas motivações.
Nesse momento apenas estamos nos informando, não vamos contestar, queremos somente entender como nossos filhos estão se sentindo.
Terceiro momento: ter empatia
Esse momento permite aumentar ainda mais nossa conexão com nossos filhos. Demonstramos empatia com suas motivações, não com as ações. Muitas vezes nesse momento é comum ficarmos inseguros, preocupados de deixar transparecer que estamos aprovando a atitude condenada. Não estamos aceitando os motivos (razões), motivos não são iguais a motivações (desejos).
Como agiram os pais de Lucas:
- Filho, quando você me contou tudo que seu irmão faz no seu quarto fiquei imaginando como deve ser difícil para você. Entendo que você fica com muita raiva quando ele atrapalha seu jogo, tira sua concentração. Quando ele rasgou sua atividade você gritou com ele e o empurrou. Tenho certeza de que essas atitudes do seu irmão realmente incomodam você.
É importante reproduzir com nossas palavras o que nossos filhos dizem sentir e pensar. Agindo assim eles perceberão que estamos atentos, que somos capazes de expressar as necessidades deles melhor do que eles mesmos.
Ele vai se sentir entendido.
Isso faz sentido para vocês?
É importante ensinarmos aos nossos filhos a lidarem com as suas emoções e rompantes. Aprenderem a dialogar, a ponderar sobre as vantagens e desvantagens de seu comportamento e buscar uma solução.
É possível!
Márcia Resende
Especialista em Teen, Life e Professional Coaching. Escritora de textos motivacionais, de liderança e comportamento para a página Coaching e Champanhe for Woman, de Portugal, para o Portal R2S e para a revista da Sociedade Latino Americana de Coaching.
Siga a Márcia no Facebook ou lhe envie uma e-mail para marciaresendecoaching@gmail.com.