Por Gilberto Rezende
Uma oportunidade histórica, a entrevista realizada com Anderson Cadima. O destino o marcou como o presidente que comanda os atos da ACIU – Associação Comercial e Industrial de Uberaba no ano em que a entidade comemora seu centenário completado em 16 de dezembro de 2023.
Anderson Cadima tem muito o que falar: fazer uma retrospectiva de suas realizações junto com sua diretoria, que foram reconhecidas como profícuas por todos os associados.
É hora de um centenário balanço da participação da ACIU na transformação de uma pequena cidade de apenas 16.000 pessoas em 1923 em uma pujante comunidade na fronteira de seus 400.000 habitantes, em 2023.
É também o momento de se projetar o futuro, ciente de que a caminhada da ACIU para os 200 anos tem início, em seus primeiros passos, sob o comando de Lídia Prata Ciabotti, a primeira mulher a comandar a entidade em cem anos de sua fundação.
O renome nacional da ACIU, forjado em suas conquistas nesses cem anos de ininterruptas atividades é motivo prazeroso para grandes festejos, necessários para marcar uma data tão significativa.
Parabenizamos o Presidente Cadima pelas suas realizações bem como desejamos sucesso à Lídia Prata Ciabotti por enfrentar esse novo desafio.
Gilberto Rezende - Presidente Cadima, seu mandato termina neste fim de ano. Foram 4 anos à frente da ACIU. O que o senhor destaca nas ações da entidade nesse período?
Anderson Cadima - Trabalhamos muito, foram 04 anos intensos, mesmo diante de vários desafios. Quando assumimos, não esperávamos que além de apoiar as empresas, teríamos que lutar pela sobrevivência delas e também de muitas vidas. Um dos principais desafios durante nossa gestão foi o enfrentamento da pandemia. E mesmo diante desse desafio enorme, aumentamos o portfólio de produtos e serviços da instituição, realizamos uma série de eventos de capacitação e networking para os associados, reformamos parte da sede, dando mais conforto para nossa equipe de colaboradores e, consequentemente, propiciando um ambiente mais agradável e moderno para receber nossos associados e todos que visitam o prédio da Aciu, enfim, foram quatro anos intensos. Mas acredito que o maior legado que nossa gestão deixará, com certeza, é o enaltecimento do nome da nossa instituição. Chegamos aos 100 anos e nossa casa não poderia estar melhor institucionalmente. Podemos afirmar, sem modéstia nenhuma, que a primeira entidade classista do Triângulo Mineiro é hoje uma das mais importantes do Estado.
Gilberto - A ACIU cresceu em número de associados em sua gestão? Sobre a administração financeira, há algo que gostaria de salientar?
Cadima - Sim, com certeza. Aumentamos em pelo menos 27% o número de associados da Aciu. E mesmo sendo importante crescer em número de associados, pois isso dá ainda mais força para a instituição, nosso foco sempre foi atender bem, estar mais próximo do associado, buscar soluções para o problema dele, independente do tamanho da sua empresa e do tamanho do problema. Trabalhamos muito sobre o que é o associativismo e suas vantagens. Aumentamos bastante nosso portifólio de produtos e serviços para os associados. Um legado importante que vamos deixar na casa também foi a melhoria de processos, tanto administrativos, quanto de controles financeiros. Hoje os dados da instituição são muito claros e isso facilita para qualquer gestor. Na questão financeira, estamos conseguindo entregar uma ACIU mais forte e totalmente sem dívidas. Mesmo com a queda da receita por falta de inquilino no prédio da FCETM e no centro, conseguimos sanar dívidas pesadas do passado, esse inclusive é um dos grandes méritos de nossa diretoria.
Gilberto - Como tem sido o relacionamento da ACIU com os poderes públicos ou demais entidades como CDL e ABCZ, entre outras?
Cadima - A Aciu tem uma atuação muito efetiva com o poder público, principalmente a Prefeitura de Uberaba. Hoje participamos de mais de 40 conselhos do executivo, onde intervimos no que é possível e levamos os anseios dos empresários da cidade nas tomadas de decisões. Com as demais instituições de Uberaba nós também mudamos um pouco essa relação. Eu, particularmente, tenho um perfil conciliador, de mediação, e fiz questão de levar isso para a Aciu, no relacionamento com as demais entidades classistas. Somos parceiros de todas, fizemos muitas ações em parceria nesses 4 anos e graças a esse trabalho, hoje somos vistos como referência para muitas instituições.
Gilberto - Considera o trabalho feito nos últimos quatro anos na ACIU, suficientes para colocar todos os projetos idealizados?
Cadima - Apesar de parecer muito tempo, quatro anos são suficientes para alguns projetos e insuficiente para outros. E ainda tivemos a pandemia, que adiou alguns projetos e até modificou outros. Algumas ações, como obras em outras partes do prédio, ficarão para a próxima gestão.
Gilberto - A Faculdade de Ciências Econômicas foi transferida para terceiros. A ACIU tem projetos de ocupação do prédio da antiga FCETM?
Cadima - Este foi um grande desafio da nossa gestão e que conseguimos resolver neste segundo semestre. O local foi desocupado em abril de 2021, pela Unibrasília, e desde então vínhamos em tratativas com diversas empresas e órgãos públicos. Para nós o baque foi forte, foram 03 anos sem essa receita. E para piorar a depredação e roubos de toda fiação do prédio. E em setembro assinamos contrato com o Objetivo de Pirassununga. O Colégio já está ocupando o prédio, fazendo reformas, e as aulas de 2024 já serão na nova unidade (o antigo prédio da FCETM).
Gilberto - A ACIU sempre é lembrada como entidade defensora de seus associados. Há algum litígio provocado pela entidade em defesa da classe, pendente na Justiça?
Cadima - Com certeza, nossa maior bandeira é a defesa dos interesses do empresariado. E uma das áreas de maior luta da classe é a questão tributária. E neste quesito, nós possuímos diversos processos correndo na justiça. Um de maior destaque e que o associado da Aciu já vem se beneficiando, é a ação judicial assegurando aos associados a recuperação de valores do ICMS na base de cálculo do PIS COFINS. Esta é considerada uma causa muito importante, pois as empresas associadas da Aciu ganharam o direito de reaver esses impostos, desde novembro/2006, até os dias atuais, atualizados pela SELIC. E este crédito pode ser utilizado para pagamento de qualquer tributo federal. Essa foi considerada a causa do século e como a Aciu se antecipou, o associado ganhou o diferencial de não apenas receber a partir da data da decisão, que foi em 2017, mas desde quando entrou com a ação, contados cinco anos antes. Isso foi um ganho sem precedentes para nossos associados. Também entramos com algumas ações já em curso a favor do nosso associado que em breve deveremos ter o mesmo êxito.
Gilberto - Vamos falar um pouco sobre o senhor e sua trajetória na entidade. Qual a sua empresa e seu ramo de negócios?
Cadima - Sou fundador da Empresa KLIN SHOP juntamente com meu irmão Nei Lúcio Cadima, desde dezembro de 1991 (em dezembro desde ano complementamos 32 anos de existência). Atuamos no ramo de distribuição de produtos de higiene, limpeza, descartáveis, acessórios e equipamentos de limpeza, tapetes personalizados entre outros. Atendemos todo Triângulo Mineiro, Alto Paranaiba e Sul de Minas com representantes comerciais autônomos e para todo Brasil através de nosso site www.klinshop.com.br. Hoje, além dos 20 representantes autônomos, contamos com uma equipe de 48 colaboradores internos.
Gilberto - Desde quando ela é associada à ACIU?
Cadima - A Klin Shop é associada na ACIU desde 21 de maio de 1996, sempre acreditei no Associativismo.
Gilberto - Quando o senhor foi convidado para participar da ACIU. Qual era sua idade? Quem o convidou? Quais cargos já ocupou na administração da entidade?
Cadima - Fui convidado para Diretoria Plena nas eleições de 1997, na época estava com 30 anos de idade, a convite do ex-presidente Samir Cecílio Filho. Naquela oportunidade houve disputa de chapas, mas a chapa do Samir saiu vitoriosa e até hoje estou lá. Já fui diretor da plena, diretor do conselho fiscal, diretor da executiva, vice-presidente, e nos últimos 04 anos estive como presidente da primeira entidade de classe do Triângulo Mineiro.
Gilberto - Houve prejuízos para o crescimento de sua empresa em decorrência de suas atividades como presidente da entidade?
Cadima - Eu já havia sido convidado para assumir a presidência em outra oportunidade, mas não estava preparado naquele momento justamente por ainda a Klin Shop estar dependente de mim, daí comecei a fazer um trabalho para dividir funções e responsabilidades para que em um futuro convite eu pudesse aceitar. Falar que não houve prejuízos por minha ausência, seria um erro de minha parte, porque dediquei ao máximo na ACIU. Mas, por outro lado, os conhecimentos obtidos, troca de experiências, networking e principalmente as amizades que consegui fazer neste período, superaram tudo.
Gilberto - O que o senhor gostaria de ter feito e não fez, por falta de tempo, recursos ou apoio, mas que gostaria que fosse assumido pela próxima gestão?
Cadima - Falta de apoio de minha diretoria não faltou em momento algum. Inclusive faço questão de ressaltar a essa diretoria competente que conseguimos montar. A reforma em algumas salas e espaços seria de bom grado. E tenho certeza da continuidade do trabalho que fizemos, que também será de grande relevância para o Associado.
Gilberto - Por coincidência, o Centenário da ACIU se encerrará com o senhor à frente da entidade. Comente sobre o projeto comemorativo preparado para marcar essa data.
Cadima - 100 anos é uma data muito marcante, o que para mim é uma honra muito grande estar à frente da entidade neste momento. E nós criamos uma programação à altura da instituição. Desenvolvemos um calendário de um ano de ações. Começamos em dezembro de 2022, no aniversário de 99 anos da instituição, e vamos encerrar com chave de ouro no dia 16 de dezembro de 2023, data que se comemora o centenário da Aciu. Palestras, eventos de empreendedorismo, networking, cursos, treinamentos, workshops, podcast, uma corrida com caminhada, cápsula do tempo, entre outros e por final a própria Festa do Centenário que ocorrerá na data de aniversário dos 100 Anos da ACIU e contará com a entrega da Comenda Gilberto Rezende aos cinco empresários destaque de categorias diferentes. 2023 foi intenso e vamos entregar a casa com a sensação de dever cumprido.
Gilberto - O senhor e sua diretoria já escolheram quem irá sucedê-lo na administração?
Cadima - Não é uma regra exata, mas na maioria das vezes quem assume é o vice-presidente. E neste nosso mandato, pela primeira vez a ACIU conta com uma mulher na vice-presidência, que é a Lídia Prata Ciabotti, a qual tem todas requisitos, qualidades e competências para estar no posto de presidente. O que será um marco também, pois, teremos a primeira mulher na história a assumir a presidência da ACIU, justamente em seu aniversário de 100 anos.
Gilberto - O senhor assumirá a presidência do Conselho Consultivo a partir de 2024. Tem em mente alguma pretensão na área política, uma vez que terá mais tempo disponível?
Cadima - Assumir a presidência do Conselho Consultivo já é algo automático conforme rege nosso estatuto, que é um conselho constituído por ex-presidentes, que quando se acaba o mandato de presidente já assume como presidente deste Conselho. O que para mim será uma honra também, estar com nossos ex-presidentes que ajudaram a construir a história bonita dos 100 anos da ACIU. Sobre pretensão política, apesar de ter recebido convites e ter sido assediado por alguns partidos, não tenho a pretensão de me candidatar a nenhum cargo. Mas quero sim contribuir, participando de grupos na luta pelo desenvolvimento de nossa cidade.
Gilberto - Gostaria de tecer algumas considerações finais para leitoras e leitores da Revista Mulheres?
Cadima - Primeiro agradecer a Deus e N. Sra. Aparecida, que estiveram me protegendo o tempo todo. À minha família que sempre me apoiou em todos os momentos e em todas as minhas ações à frente da ACIU. Agradecer a toda população de Uberaba, em especial aos associados, colaboradores e toda diretoria pela confiança depositada em minha pessoa quando fui colocado para estar à frente desta entidade que tanto gosto.
Com os pais e irmãos - Nei Cadima - irmão, Alessandra Cadima - irmã, Anderson Cadima - entrevistado, Luiz Cadima - pai e Estelita Cadima - mãe.
Em família. Matheus Cadima - Filho, Gláucia Cadima - esposa, Anderson Cadima - entrevistado e a filha, Roberta Cadima