Nathalia Marinelli 


O conceito de moda circular está redesenhando a indústria da moda para fazê-la trabalhar pelas pessoas e pelo meio ambiente. Seus princípios contribuem para o questionamento sobre a escolha de materiais, produtos químicos, processos de fabricação, venda e uso. Essa nova forma de se pensar na economia propõe que materiais seguros sejam usados continuamente, a água seja recuperada e a energia seja limpa, permitindo que a indústria da moda se torne uma força para o bem. 

A moda circular se baseia nos principais princípios da economia circular e do desenvolvimento sustentável. Ela diz respeito ao ciclo de vida de um produto, design e sourcing, produção, transporte, armazenamento, comercialização, venda, fase de usuário e fim de vida do produto. 

A moda consciente e sustentável questiona a forma com a qual as nossas roupas são feitas, usadas e reutilizadas. 



Essa linha de comprar - usar - jogar fora é observada em muitos setores da nossa vida, a moda é um deles e o modelo fast fashion de consumo tem certa culpa no cartório. O conceito de moda circular surge para quebrar esse comportamento linear e transformá-lo, cada vez mais, em um círculo, como o nome já anuncia. A pergunta é: como? 

Segundo o glossário internacional de moda circular da Condé Nast, o design circular se baseia em três princípios: 

  1. minimizar o desperdício e a poluição; 
  2. permanecer em uso pelo maior tempo possível; 
  3. permitir a regeneração de seus materiais em novos fluxos de recursos, 'fechando o ciclo' na indústria da moda. Reutilizar, reciclar e regenerar os produtos, com a intenção de chegar o mais próximo do lixo zero.

E será que isso é importante? SIM! Ao descartar uma roupa que você não usa mais, ela possivelmente vai parar em um aterro sanitário onde será incinerada, como lixo, e essa queima por si só é responsável por uma enorme emissão de gases poluentes na atmosfera. Algumas empresas, inclusive, descartam sobras de tecidos e até roupas que não venderam de coleções passadas. O ABSURDO é TÃO GRANDE que alguns países tomaram medidas significativas para impedir essa prática: a França criou uma lei que proíbe a destruição de roupas não-vendidas por marcas e, na Dinamarca, as que quiserem participar da Copenhagen Fashion Week terão que comprovar que não fazem uso dessa "solução" em seus acervos. 

Você pode estar se perguntando, o que eu posso fazer? Você, quando compra uma roupa e descarta com rapidez, está incentivando uma indústria de produção desenfreada e a poluição. Afinal, não é só descarte que causa impacto ambiental negativo. Os processos de produção como: lavagem com produtos químicos e todo o uso de energia não renovável de fabricação também entram para a conta. Por isso, mudar os hábitos e fazer parte da moda circular é necessário e urgente. Pronta para entrar neste ciclo do bem? 



SECOND HAND 

Nesse conceito, falamos que os itens possuem um ciclo de serviço e não ciclo de vida, uma vez que existem muitos produtos que jogamos fora, mas que ainda não “morreram” e podem muito bem continuar a servir o seu propósito, como aquela bolsa que compramos há um tempo e de que agora não gostamos mais. 

Entre os modelos de negócios nos quais se aplicam a ideia de extensão estão aqueles que promovem o compartilhamento e a reutilização de peças, os famosos brechós, um dos melhores exemplos de circularidade na moda. 

Consumir de maneira mais consciente é uma realidade hoje. Em se tratando do mercado de moda, inclusive, essa é uma das tendências que mais crescem no Brasil e no mundo. Por isso, os brechós online estão tão em alta. Mesmo entre milionários e bilionários, a reutilização de roupas virou febre. Os brechós de luxo representam a evolução dessa tendência de comportamento. 

Segundo uma pesquisa, o mercado second hand é uma maneira poderosa de as marcas de luxo se aproximarem de potenciais clientes primários futuros. Diante disso, os varejistas digitais estão mudando o perfil do comércio de produtos seminovos. Atualmente, as vendas online estão mais estruturadas e oferecem mais transparência. 



IMPACTOS  

A moda consciente e sustentável questiona a forma com a qual as nossas roupas são feitas, usadas e reutilizadas. Podemos citar algumas ações em prol da moda circular que as empresas devem se atentar: 

  • ter o máximo de conhecimento sobre a cadeia de suprimentos;
  • ser transparente e exigir transparência dos fornecedores;
  • formar parcerias de longo prazo com fornecedores para que possam trabalhar juntos em melhorias; 
  • fazer escolhas inteligentes e sustentáveis de matérias-primas;
  • trabalhar em colaboração com outras marcas e empresas;
  • inovar nas escolhas (materiais, embalagens e modelos de negócios); 
  • fortalecer o laço com seus consumidores. 


Na indústria da moda, adotar o conceito de economia circular tornou-se uma obrigação, pois a maior parte dos itens são simplesmente descartados no lixo, sem serem reutilizados ou reciclados. O círculo da moda é composto por: reduzir, repensar, reaproveitar, reciclar e reusar. 

Por isso, resolvi fazer minha parte e abri a Shop Circular, um second hand de marcas de luxo que dará nova vida às peças esquecidas no guarda-roupas, incentivará novos hábitos de consumo e ao mesmo tempo realizará o sonho de tantas mulheres. E você, já pensou como pode entrar nesse círculo?



Nathalia Marinelli

Designer e Branding de Moda. Formada em Design de Moda e especialista em Marketing Digital, Branding de moda (ESPM SÃO PAULO), Instagram (ESPM SÃO PAULO), Moda e Internacionalização (IED MILÃO) e Moda e Storytelling (ESMOD PARIS). 

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