Por Ilcéa Borba

Ao entrar em Alter do Chão pensa-se tratar de uma vila recente m processo de desenvolvimento: poucas ruas asfaltadas, a maioria e terra batida, construções baixas, poucas asas, muitos terrenos vagos, quintais amplos om altas arvores centenárias, e amplas copas. No entanto, pelos relatos do Pe Sidney Augustus Canto – Alter do Chão e Sairé: contribuição para a história – a vila foi criada em 758 e antes havia sido Aldeia de Boraris. Um orte espírito conservadorista de defesa ambiental  preservação da mata e praias desérticas stá na base dessa estabilidade desenvolvimentista. A cidade de Santarem distante a apenas seis léguas prove a população dos bens e serviços necessários à vida e a saúde e, ultimamente, ao turismo incipiente como aeroporto e malha rodoviária. O resultado é um verde exuberante próprio há muito desaparecido do cenário brasileiro.

Alter do Chão é uma vila encantada possuidora de um Lago Verde que em determinadas épocas do ano, mostra sua praia inacreditável em forma de península, eleita como a mais bonita por várias revistas conseguindo repercussão até mesmo no exterior. Um passeio de barco por este lago leva-nos a um local onde a vegetação centenária resiste a invasão das aguas possibilitando passeios pelos espaços entre as plantas. Este é um cenário lendário e incomum tornando o uso de adjetivos como maravilhoso ou lindo dispensáveis.

Em 1886 foi iniciada a construção da segunda greja local cujo termino só aconteceuem 1906, dedicada a Nossa Senhora da Saúde  padroeira de Alter do Chão. Percebe-se aforte coesão de todos em torno da coletividadeatravés de grupos e clubes diversos unidosem prol da grandeza e bem estar comum. O quegoverno não realiza é solucionado pelos – “puxirum” reunião de pessoas para efetivação ratuita de trabalhos que beneficiem a comunidade. Foi assim que conseguiram a Escola Municipal . Macedo Costa com classes de 1ª a 4ª serie e, cuidam da manutenção das praças, praias, emitério, iluminação, fiscalização e outros serviços necessários.

Um aviso aos que procuram informações sobre Alter do Chão através da internet. Portugal pssui também uma cidade denominada de Alter do Chão. Os índios boraris chamavam-na de onte do Chão e Mendonça Furtado em 1758 homenageando Portugal e atendendo pedido feito elo rei elevou à categoria de vila várias aldeias trocando-lhes os nomes pelas vilas e aldeias ortuguesas. Eles não previam que séculos depois a facilidade de comunicação atual levaria a onfundir os nomes repetidos. O melhor é ligar Alter do Chão ao Para e ao Brasil.

Durante minha breve estadia neste paraíso natural que chama de Amor sua praia mais bonita onheci membros dos boraris e tupaius de valor inestimável ao meu conhecimento. Com eles oube qual o perfil indígena atual. O Page Gecinei Ferreira Henrique Tupai cursa Engenharia de esca na UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Para como bolsista e dentro da cota indígena;  Alessandra Santos Boraris. Os dois levam uma vida urbana e aldeada usufruindo das oportunidades ivilizatórias sem perder a linguagem e cultura próprias. Este é o universo dos povos upaius que lutam no Pará pela demarcação de 35000 acres de reserva onde sabem conter riqueza ineral que não extraem e nem permitem ser extraída. Trabalham na cidade e fazem artesanato de oa aceitação entre os turistas.

As peças artesanais de Alter do Chão são bem acabadas e criativas com como ventarola, tipiti, lor, abajur, cinzeiro, alguidar, vaso, tigela, anel, castiçal, enfeites, cesto, peneira, pilão, colher de au, álbum, bolsas, pingentes, cocar, travessinhas e outras. As aldeias indígenas também fornecem eças para a cidade de Santarem com produtos reconhecidamente indígena entre os quais aliento o pedantife Muiraquitã – o sapo encantado do feitiço amoroso.

Descobri Alter do Chão pelas lives turísticas que focavam a Festa do Sairé e do Boto Rosa, icando imediatamente atraída pela preservação de costumes religiosos antigos que atualmente e misturam com o folclórico e lendário. Alter do Chão é uma das poucas comunidades a manter  Festa do Sairé (pode ser grafada Çairé) uma comemoração em honra a Nossa Senhora da Saúde  padroeira da cidade - e São José. Sairé também é o estandarte em forma de um semicírculo ontendo em seu interior dois outros menores em pares, encimados por um terceiro maior que ontorna os demais, todos arrematados por cruzes. É feito de cipó envolvido por algodão branco  trançado por várias fitas coloridas e muitos espelhos É levado à frente da procissão e atrai os ieis aos cultos religiosos: ladainha e orações pelo poder dos espelhos na sua característica de eflexão de imagens capturavam os indígenas, encantados por se verem no sairé.

Observa-se no Sairé grande sincretismo: os missionários jesuítas adaptaram a partir de antigo itual indígena. Introduziram as cruzes representando não só o sacrifício de Cristo mas também  santíssima trindade nas suas três pessoas; o dilúvio e a arca de Noé marcado pelo balanço das ndas e sua espuma branca. O Sairé é levado preferentemente por uma idosa manca que ao andar ai inclinando-o ora pra frente ora pra trás e ele balança como a Arca de Noé. Outra carrega  Coroa do Divino. É uma festa sem data fixa inicialmente comemorada em junho, depois em etembro e até mesmo junto do Natal com duração de 3 a 5 dias. Depois do culto religioso há a ferta de alimentação gratuita e muita dança, uma celebração oferecida pelos juízes da mesma e assada anualmente para outros. Vale a pena ir ao Para e conhecer a Festa do Sairé.

Praia Alter do Chão no Pará - Foto de Cristiano Martins AG Pará


Arco do Sairé - símbolo maior da manifestação folclórica que une o profano e o religioso em Alter do Chão (PA) Divulgação httpssantarem.pa.gov