A atividade cultural na terra do governador Romeu Zema


Por Lisete Resende


A vizinha cidade de Araxá realizou nesse último mês de maio a 10ª Fliaraxá -  Festival Literário de Araxá, um dos maiores eventos literários do país. Durante a Fliaraxá o Grande Hotel do Barreiro realizou um evento simultâneo, o Festival Saberes e Sabores, outra grande atração na área da Gastronomia que está em sua 7ª edição.  

Esses são apenas 02 entre os vários eventos de grande porte que acontecem na cidade. Contando sempre com a parceria da Fundação Cultural Calmon Barreto – FCCB, a cidade possui vários equipamentos culturais que por si só são atrações nacionais, como o Museu da Dona Beja.

A presidente da FCCB, Cynthia Verçosa, já no seu segundo ano de mandato, é Artista Plástica, Arte Educadora, Produtora Cultural e nos conta como é estar à frente da entidade cultural nessa cidade tão especial.


Revista Mulheres: Chyntia, quanto da sua vivência e da experiência na área cultural, e também na área executiva, você trouxe para a Fundação Calmon?

Cynthia Verçosa: Comecei bem cedo minha trajetória nas artes, venho de uma família de muitos artistas e desde pequena fui incentivada e apresentada a ferramentas artísticas, que me proporcionaram sempre o exercício do fazer. Com sete anos de idade ganhei meu primeiro concurso de desenho e não parei mais. Logo comecei a pintura com Cordelia Barreto, irmã de Calmon Barreto e com dezessete anos, entrei na Universidade Federal de Uberlândia em Artes Visuais e Arte Educação. Durante minha vida acadêmica, além dos aprendizados de todas as técnicas artísticas, também participei de vários movimentos artísticos, mostras e oficinas. E a oportunidade de participar de ações de políticas públicas culturais, que me apontaram um objetivo certo de vida: Utilizar meus conhecimentos e experiências para seguir caminhos para ensinar, incentivar outros artistas e/ou aprendizes da arte mostrarem seus trabalhos. Atualmente, à frente da “Fundação Cultural Calmon Barreto”, busco utilizar todos estes conhecimentos e experiências para a prática do incentivo, do proporcionar e do valorizar todos os nossos bens culturais materiais e imateriais.


R.M.: Você assumiu a presidência da Fundação em plena pandemia. Com o fim do lockdown quais aprendizados vêm com você para esse novo momento?

C.V.: Assumir uma pasta responsável pela cultura em plena pandemia foi um desafio gigante. Não era possível realizar eventos e, consequentemente, os artistas não podiam se apresentar. Com esta realidade, o caminho foi ‘arrumar a casa’, isto é, fazer um trabalho interno com toda nossa equipe de levantamento de espaços e acervos. O que tínhamos na Fundação e em qual estado estavam. Começamos pelos Museus Calmon Barreto e Memorial de Araxá, levantamento de acervos, identificação de objetos, pesquisa de um local perfeito para abrigar e compor toda riqueza. Catalogação de livros no Setor de Arquivos e Pesquisa, reforma do Centro de Referência da Cultura Negra e projeto de resgate da história do Tear, no Ateliê de Tecelagem, E por aí foi. Conhecer tudo que temos e organizar para que, quando pudéssemos voltar, estivéssemos com a Fundação organizada para receber todos os projetos, as pessoas e os eventos.


R.M.: A Fundação abriga sete museus, Escola Municipal de Música, ateliê de tecelagem e Teatro Municipal. Estão todos ativos e constam da agenda cultural da cidade?

C.V.: A Fundação Cultural Calmon Barreto tem em seu organograma: Museu Dona Beja, Museu Calmon Barreto e Memorial de Araxá, Museu Sacro, Museu Legislativo, Museu de Imagem e Som, Escola de Música “Maestro Elias Porfírio de Azevedo”, Teatro Municipal “Maximiliano Rocha”, Centro de Referência de Cultura Negra, Ateliê de Tecelagem “Hermantina Drumond”, Setor de Pesquisa e Acervos, Setor de Patrimônio e a Sede (antiga estação) onde funciona o ‘coração’ da FCCB com a presidência, o administrativo financeiro /compras, setor de eventos e projetos. Em um sistema de coordenação por setores, conseguimos planejar todos os eventos e formar uma agenda única semanal de atendimento com eventos em vários segmentos, explorando todos os nossos espaços (museus, teatro, escola e praça).


R.M.: Na área de Patrimônio Cultural Imaterial quais manifestações são características de Araxá? Há parcerias entre os grupos e a Fundação Calmon?

C.V.: O Congado, Moçambique, Reinados, Folia de Reis são nossas manifestações culturais e religiosas. Atualmente estamos identificando nossos grupos/ternos e fazendo o registro. Com a criação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura - “Lei Calmon Barreto” conseguimos, através de editais de premiação, incentivar todos os segmentos culturais de Araxá. Até o momento foram destinados 500.000,00 (quinhentos mil reais) para prêmios.


R.M.: E na área de música, além da Orquestra Popular, há planos para criação de uma orquestra municipal?

C.V.: A Escola de Música “Maestro Elias Porfírio de Azevedo” conta com 550 alunos, sendo em cursos livres e curso técnico. Criamos o Coral “Titina Rosa” e o projeto “Juventude em ConSerto” atendendo crianças da Rede Pública de Ensino com aulas de música, semanalmente. Estamos formando para, futuramente, termos uma orquestra em nossa cidade.


R.M.: Os grandes eventos culturais que ocorrem em Araxá, a exemplo da Fliaraxá, realizada em maio, contam com a parceria da Fundação Calmon?

C.V.: Araxá recebe e oferece grandes projetos culturais durante o ano por meio de vários mecanismos de incentivo, tanto municipal, estadual e federal. E a Fundação, como órgão gestor da cultura, busca apoiar todos estes ‘fazedores de cultura’ elaborarem e executarem seus projetos.


R.M.: E o público que comparece tem um perfil específico? Considerando idade, nível de escolaridade, poder aquisitivo, pessoas mais de Araxá ou vem de toda a região?

C.V.: Essa tradição de eventos em nossa cidade foi responsável pela formação de um público cultural. Atualmente todo projeto executado conta com público local e de turistas, que já presenciaram e retornam à cidade nas datas específicas.


R.M.: Ter uma empresa como a CBMM, que apoia e incentiva a cultura na cidade, permite que as metas e sonhos da Fundação tenham mais chance? O que você destaca como sendo já realizado com o patrocínio dela?

C.V.: Empresas como CBMM, Bem Brasil Alimentos e Rio Branco Combustíveis acreditam, como a gente, que é possível utilizarmos a cultura como ferramenta para a construção de uma sociedade. Assim, conseguimos fazer e com tanta qualidade.


R.M.: O Museu Dona Beja se destaca entre os patrimônios tombados no município, em importância turística. Quais são os desafios para se preservar um museu desse porte num mundo altamente tecnológico?

C.V.: O Museu Dona Beja é um de nossos patrimônios tombados. Restaurado recentemente é um de nossos cartões postais com uma visitação diária de turistas e moradores. Atualmente, o nosso desafio é buscar meios para atrair o público com uma proposta diferente. O Museu não só com o papel do espaço, com um acervo para contemplação e sim, com várias possibilidades de visitas guiadas, oficinas, projetos de educação patrimonial, eventos culturais com música e lançamento de livros.


R.M.: O que mais você ressalta sobre o trabalho da Fundação?

C.V.: A Fundação Cultural Calmon Barreto conta com um quadro de 100 (cem) funcionários distribuídos em seus setores. Todo incentivo é feito através de editais, com o intuito de proporcionar a participação de todos. O orçamento para 2022 é de 7.645.000,00. Temos um cadastro de agentes culturais no site da Fundação. Um formulário onde os artistas se cadastram para participar das Leis de Incentivo. Apostamos nos editais para democratizar a participação de todos os segmentos.


Cynthia Verçosa e o governador Romeu Zema


Evento da Escola de Música Maestro Elias Porfírio de Azevedo no Coreto da Praça


Projeto Juventude em ConSerto - na Escola de Música


Ateliê de Tecelagem


Projeto atenção aos idosos


Afonso Borges, idealizador da FliAraxá


Vilma Cunha, escritora homenageada na FliAraxá


Projeto de Educação Patrimonial contando com o grupo de professores da Rede Municipal. Núcleo da Leitura, no Museu Dona Beja


Lançamento de livro no Jardim do Museu Calmon Barreto


Museu Dona Beja - Museu histórico de Araxá


Educação Patrimonial - Museu Dona Beja


Participação Fundação Cultural Calmon Barreto no Evento Prefeitura no Bairro


Festival Saberes e Sabores


Durante projeto Saberes e Sabores com Chef Erick Jonathan